Dia 3: O medo das mães em serem julgadas
Uma mãe/avó e uma filha/mãe falam de educação infantil. De birras e mal-entendidos, de raivas e perplexidade, mas também dos momentos bons. Para avós e mães, separadas pela quarentena, e não só.
Filha,
Socorro! Tenho andado a espreitar as redes sociais e estou a passar-me! Quanto tempo é que achas que vai durar esta competição da mãe mais organizada, com um programa de actividades em casa mais estruturado?
Não é de agora, há muito tempo que me espanto com esta competição entre mães, em que uma jura que o bebé já dorme a noite toda aos dois meses, mas depois de bem interrogada lá deixa cair que lhe dá de mamar quatro vezes por noite; e a outra garante que aos filhos nem lhes passa pela cabeça responderem torto. Provavelmente sempre existiu, e é só mais evidente porque aparece nas redes sociais.
Tu, que pertences a essa geração, explica-me o que é que se passa. Suspeito que é insegurança, as mães têm tanto medo de ser julgadas, e com razão, porque não há ninguém que não dê um palpite sobre como devíamos educar os nossos filhos — não há ninguém que não se ache “especialista” nesta área. Será isso? Ou é — não quero ser mazinha, mas às vezes é o que me parece —, uma competição que vem da cultura das grandes empresas, em que é preciso mostrar serviço, e ser melhor do que o colega do lado, para progredir na carreira?
Vou arrumar gavetas, enquanto espero pela tua resposta.
Mãe
Mummy,
Só tenho duas coisas a dizer sobre os quadros estruturados:
1. Citando o Sean Marotta “Well I know one piece of medical advice I won't be following in these times, and it's the American Academy of Pediatric’ guidelines on screentime!”
e tendo isto em conta:
2. Envio em anexo a imagem de um horário que encontrei na Internet (Infelizmente desconheço a mãe que o desenhou — o que é uma pena já que acho que nos íamos dar bem!)
Xxxx
No Birras de Mãe, uma avó/ mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, vão diariamente escrever-se, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. Na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam.
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