Bolsas voltam às perdas após anúncios de estímulos

Investidores ainda não estão tranquilizados sobre a pandemia do novo coronavírus. Petróleo está nos 27 dólares por barril e pode vir a cair para os 20.

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Bolsa espanhola é uma das que voltou ao "vermelho" LUSA/ALTEA TEJIDO

Depois das fortes recuperações desta terça-feira, em que as praças europeias e os mercados norte-americanos regressaram a terreno positivo após os anúncios e promessas de estímulos orçamentais de muitos milhares de milhões, esta quarta-feira o ritmo perdeu-se e voltaram a cair.

Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx Europe 600 perdia 3% pelas 9h20, e, segundo a Bloomberg, já caiu 35% desde Fevereiro. No caso do índice português PSI 20, este estava a perder 0,9% pelas 9h25 (a queda mensal está nos 29%) com algumas empresas no “verde”, como a Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) mas empurrada para o “vermelho” por pesos-pesados como o BCP, EDP e Galp Energia. Já o principal índice alemão, o DAX, perdia 4,6%, o francês descia 4%, o espanhol 2,4% e o italiano 1,4%.

Antes das praças europeias, e no meio desta enorme volatilidade, em que a montanha-russa tem sido mais baixos do que altos, já as praças asiáticas tinham dado o tom, com a bolsa de Xangai a fechar com uma perda de 1,8%.

E, de acordo com o Financial Times (FT), o mercado de futuros aponta para que o índice norte-americano S&P 500 abra a descer, depois da subida de 6% de ontem.

“O júri ainda está a decidir se as medidas anunciadas vão ajudar a estabilizar os mercados”, afirmou ao FT Michael Strobacck, responsável pela área de investimentos do Credit Suisse.  De acordo com a Bloomberg, há ainda uma forte preocupação com o impacto da pandemia no crescimento económico e nos resultados das empresas, alem de também, haver um sentimento de indefinição sobre a propagação, nomeadamente nos EUA.

Ontem à noite, o FT já indicava que os investidores lançavam avisos de que qualquer recuperação do mercado seria de curta duração sem sólidas indicações de que a Europa e os EUA estavam a conseguir controlar o surto do novo coronavírus. Um responsável do Deutsche Bank, Jim Reid, destacou que, pelo que se está a verificar agora, quando o impacto do vírus chegar ao seu pico será, muito provavelmente, pior do que o que se verificou no pico da crise financeira.

Petróleo em queda

Uma matéria-prima que também se mantém em queda é o petróleo, com o barril de Brent a perder esta manhã cerca de 4%, para os 27,6 dólares. Uma das razões é a queda da procura, visível na quase paralisação das companhias aéreas e das viagens a nível global. De acordo com a Reuters, a Goldman Sachs já estima que o preço caia até aos 20 dólares por barril no segundo trimestre, um nível que não se verifica desde o início de 2002.

Outra razão para a queda do petróleo é a guerra a Arábia Saudita (que encabeça o grupo da OPEP) e a Rússia, e que levou o primeiro a apostar no aumento de produção e baixa de preços. Segundo a Reuters, o ministro do petróleo do Iraque já pediu uma reunião de emergência entre a OPEP e os países produtores que não pertencem a esta organização (caso da Rússia), para “discutir todas as formas possíveis” de modo a tentar reequilibrar o mercado.

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