PS e PSD digladiam-se por causa da expansão da rede do metro do Porto

Sociais-democratas exigem a demissão “urgente” de Eduardo Vítor Rodrigues de presidente do Conselho Metropolitano do Porto.

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Eduardo Vítor Rodrigues "não revela capacidade de liderança para gerir interesses da Área Metropolitana do Porto", diz o PSD NFACTOS / FERNANDO VELUDO

Há um clima de grande crispação entre o PS e PSD. Em Lisboa os dois partidos estão em rota de colisão por causa do aeroporto do Montijo, no Porto é a expansão da rede do metro que os divide. A distrital social-democrata exige a demissão do presidente do Conselho Metropolitano do Porto (CMP). “É urgente que Eduardo Vítor Rodrigues se demita”, afirma o PSD, em comunicado.

“Em toda a sua história, nunca o Conselho Metropolitano do Porto teve, como agora, um presidente que envergonha o passado de prestígio e de reconhecimento de todos aqueles que sempre defenderam a coesão metropolitana e lutaram por projectos comuns e aglutinadores”, sublinha o comunicado, revelando que a “gota de água foi o recente episódio da assinatura apressada e improvisada de um protocolo sobre a expansão do metro do Porto que, afinal, contempla estudos”.

Acusando Eduardo Vítor de não ter “visão” e de “não revelar capacidade de liderança para gerir os interesses da Área Metropolitana do Porto [AMP], nem para reivindicar o necessário investimento para projectar e desenvolver os 17 municípios que a constituem”, o comunicado exige a demissão do presidente do CMP alegando que este que “não tem a confiança institucional dos seus pares e não mostra, nem força política, nem capacidade negocial”.

Para o PSD-Porto, “a incompetência, a opacidade e a inépcia reveladas na gestão deste processo (…) congeminado por um par de autarcas e pela [Empresa] Metro do Porto, sob orientação do Ministério do Ambiente, foram só mais uma demonstração da falta de empenho e interesse que se vem somar a um vastíssimo conjunto de situações obscuras e pouco transparentes, que têm gerado mal-estar entre a maioria dos municípios da área metropolitana”.

O texto diz que alguns presidentes de câmara da mesma cor política do Governo, a “troco de meia dúzia de obras, têm vendido a alma do Norte”, aludindo aos contornos dos vários projectos e resoluções que têm sido decididos na AMP e fala de um “pântano de influências”. A questão vem a propósito de nomeação de Tiago Braga para o Conselho de Administração da Metro do Porto em 2019. “O eng. Tiago Braga já ocupou inúmeros cargos de confiança política de Eduardo Vítor Rodrigues. Apenas coincidência? Malogradamente, é neste pântano de influências que a AMP vive actualmente”, aponta o texto.

PS diz que PSD é “terrorista”

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente do CMP não quis prestar declarações mas o PS já reagiu ao ataque do PSD, reafirmando a sua total confiança em Eduardo Vítor Rodrigues.

A distrital lamenta “profundamente o comunicado terrorista da comissão política distrital do PSD por atacar Eduardo Vítor nos planos políticos e pessoal”. “O PSD assume uma atitude política baixa e procura confundir a opinião pública, revelando má consciência, ignorância e falta de educação”, refere o texto que acrescenta: “O PSD demonstra a culpa de quem, durante os anos da sua governação, no país e na área metropolitana, foi cúmplice da decisão de não realizar qualquer expansão do sistema de metro do Porto e da não alocação de financiamento para esse objectivo no actual quadro comunitário de apoio. Continuamos ainda hoje a pagar por essa decisão irresponsável que lesa gravemente a região”.

Os socialistas do Porto acusam ainda o PSD de “ignorância” por desconhecer que o “acordo entre o Governo, representado pela Metro do Porto, área metropolitana e municípios, tendo em vista os estudos relativos à expansão da rede de metro, foi subscrito por todos os municípios envolvidos, os que são liderados pelo PS (…), por independentes (…) e pelo próprio PSD (…)”. 

O PS acusa ainda o PSD de “falta de educação e de cultura democrática”. “Só assim – prossegue – se pode entender a tentativa de ataque ao carácter de um autarca como Eduardo Vítor Rodrigues que arrancou a área metropolitana da letargia em que ela estava submersa, liderando projectos essenciais para a promoção do desenvolvimento e da qualidade de vida dos cidadãos”.

Esta não é a primeira vez que o PSD desfere ataques ao Governo do PS por causa do metro. Há um mês, o presidente da Câmara da Trofa pediu a “saída” do Governo do ministro “alucinado” do Ambiente, acusando-o de alinhar a extensão do metro do Porto com a sua pretensão a candidatar-se à liderança da câmara daquela cidade. Depois disso, a 14 de Janeiro, o ministro João Pedro Matos Fernandes, comprometeu-se a dar uma indicação, no prazo de uma semana, para um estudo prévio para encontrar uma solução para o fim da linha de comboio que serviu Trofa até 2002.

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