Forças de Assad tomam mais duas cidades horas após ameaça de Erdogan

O Exército sírio conquistou Arbikh e Arnaz, fundamentais para o regime sírio abrir à circulação a auto-estrada M5, que liga Damasco a Alepo. Presidente turco voltou a prometer rechaçar as forças de Assad.

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Veículos militares turcos entram em Idlib para fortalecer as posições turcas KHALIL ASHAWI/Reuters

Poucas horas depois de o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter prometido empurrar o Exército sírio para além da linha dos postos de observação turcos na província de Idlib, no Noroeste da Síria, as forças de Bashar al-Assad cumpriram o objectivo de consolar posições em torno da auto-estrada M5, que liga Damasco a Alepo, ao conquistarem mais duas cidades aos rebeldes apoiados pela Turquia. 

A conquista das duas cidades, Arbikh e Arnaz, na província de Alepo, pelas forças especiais sírias aos salafistas do Hay'at Tahrir Al-Sham foi mais um passo na consolidação da ligação logística fundamental para o avanço sírio na província de Idlib, o último bastião da oposição, onde, segundo o site Al-Monitor, estão cerca de nove mil militares turcos, para garantir que a segurança da zona de desmilitarização criada em 2017, através de um acordo entre a Turquia e a Rússia. 

As forças de Assad tentam agora reconquistar mais cidades a ocidente da auto-estrada há oito anos sob controlo dos rebeldes, para que a reabrir e assim fazer circular tropas. A ofensiva final das forças sírias, que as fará entrar em choque directo com tropas turcas, deverá acontecer quando as principais vias de comunicação estiverem sob total domínio de Assad: além da M5, interessa-lhe também a auto-estrada M4, que liga Alepo e a cidade costeira de Latakia. Até lá, a Rússia, aliada de Assad, tem tentado, como intermediária, promover a via negocial em busca de uma solução que respeite os interesses das duas partes. 

Erdogan sabe que sem uma solução política a ofensiva final é uma questão de tempo. Esta quarta-feira, voltou a apostar na dissuasão, ameaçando Damasco com uma dura retaliação, com “todos os meios necessários, aéreos ou terrestres”, se mais algum soldado turco ficar ferido em ataques sírios. Voltou a prometer empurrar as forças sírias para lá das linhas dos seus postos de observação em Idlib. 

Um dia antes, na terça-feira, rebeldes apoiados por artilharia turca abateram um helicóptero sírio, o primeiro deste ano, e tiraram a cidade de Nairab, a ocidente de Saraqib, das mãos das forças sírias. Sem grande importância estratégica, a vitória foi mais simbólica, para mostrar que ainda conseguem fazer frente a Assad, mas acabou por ter vida curta. Horas depois, as tropas de Damasco fizeram uma contra-ofensiva e reconquistaram a cidade, diz a Al-Jazeera.

A tensão entre Damasco e Ancara não tem parado de subir desde que a ofensiva síria para reconquistar Idlib começou, em Dezembro. Os bombardeamentos do regime sírio já causaram a morte a 13 soldados turcos, com Ancara a retaliar bombardeando alvos sírios, e a ofensiva já obrigou à deslocação de mais de 700 mil refugiados, um dos maiores movimentos de fuga de civis desde o início da guerra síria, em 2011

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