Sanders favorito em New Hampshire numa batalha sem fim à vista

Eleições primárias no Partido Democrata regressam na terça-feira após os problemas de contagem de votos no Iowa. Divisão entre progressistas e moderados pode adiar a decisão final até ao Verão.

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Bernie Sanders é favorito na ala mais à esquerda no Partido Democrata LUSA/KATHERINE TAYLOR

Uma semana depois do arranque atribulado das primárias no Partido Democrata, com uma contagem de votos no Iowa que deixou dois candidatos a cantar vitória até hoje, a luta pela escolha do principal adversário de Donald Trump nas próximas eleições para a Casa Branca chega na terça-feira à sua segunda paragem, no estado de New Hampshire.

E os sinais que começam a sair da campanha não tranquilizam o partido, num ano em que a união à volta de um candidato forte, e numa fase inicial da corrida, é importante para entusiasmar o eleitorado: não só é provável que as primárias prossigam com vários candidatos pelo menos até Março, como é cada vez mais possível que a escolha final venha a ser feita apenas no Verão, numa convenção marcada por meses de ataques e trocas de acusações.

“As coisas só começam a acontecer quando o leque [de candidatos] fica mais fechado”, disse ao site do Politico Robert Wolf, um antigo conselheiro do Presidente Barack Obama. “O dinheiro disponível e o entusiasmo começam a centrar-se em poucos candidatos. Do meu ponto de vista, não há sinais de que isso venha a acontecer desta vez, e parece que vamos ter oito candidatos na ‘super terça-feira'”, disse Wolf, referindo-se ao dia 3 de Março, quando 14 estados vão a votos no mesmo dia, incluindo os gigantes Texas e Califórnia.

Esta segunda-feira, uma sondagem publicada pela CNN reforçou a ideia de que Bernie Sanders é o principal favorito a vencer as primárias em New Hampshire, com 29% das intenções de voto.

Não é um resultado surpreendente – Sanders lidera há meses as sondagens em New Hampshire, um estado vizinho do seu Vermont e que tem uma percentagem de eleitores progressistassuperior à média nacional. Foi lá que o favorito da ala mais à esquerda do Partido Democrata teve a sua primeira vitória nas eleições de 2016 contra Hillary Clinton, com uma vantagem de 23 pontos percentuais.

Mas a sondagem trouxe também boas notícias para Pete Buttigieg, um candidato da ala moderada que chega a New Hampshire com o vento a soprar com força nas suas costas. O antigo presidente da câmara de South Bend, no Indiana, recolhe 22% das intenções de voto e tem vindo sempre a subir, o que pode ser uma péssima notícia para Joe Biden.

O foco das atenções nos últimos dias tem sido mesmo Buttigieg, que saltou para o estrelato na semana passada ao dividir a vitória no Iowa com Bernie Sanders.

Segundo os resultados finais publicados pela delegação do partido no Iowa, Buttigieg teve 26,2% dos delegados à convenção estadual, o que se traduz em 14 delegados à convenção nacional; e Sanders teve 26,1% dos delegados à convenção estadual, ou 12 delegados à convenção nacional. Seguem-se Elizabeth Warren (8 delegados), Joe Biden (6) e Amy Klobuchar (1). No voto popular, Sanders recebeu mais 2600 do que Buttigieg (26,5% contra 25,1%). 

Para garantir a nomeação, um candidato tem de conquistar pelo menos 1991 delegados nas primárias.

Para agravar o cenário de indefinição, a direcção nacional do partido exigiu uma confirmação de todos os votos no Iowa, um a um, na sequência dos problemas na contagem – uma ordem que os representantes no Iowa se recusam a cumprir e que deixou os dois lados paralisados numa troca de acusações na última semana.

Mas a decisão sobre quem foi o verdadeiro vencedor no Iowa já teve o seu tempo – o que interessa, à chegada a New Hampshire e mais além, é a narrativa de que Buttigieg saltou para o topo das candidaturas, ao lado de Sanders, Elizabeth Warren ou Joe Biden.

Mais uma vez, o mais importante nesta fase inicial das primárias é a comparação dos resultados com as expectativas. Se Sanders confirmar o favoritismo e Buttigieg terminar em segundo lugar, candidatos como Elizabeth Warren, Joe Biden ou Amy Klobuchar vão começar a ter sérias dificuldades para explicarem aos seus apoiantes e doadores financeiros quais são os seus caminhos para a vitória final.

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