Linhas B e C do metro do Porto regressam à normalidade (possível)

Metro espera ter todos os veículos tram-train a cem por cento nos próximos dias, resolvida uma avaria num componente que obrigou a reparações em toda a frota deste modelo, nos últimos meses.

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Os veículos tram-train foram comprados para servir as linhas mais longas da rede do metro NFACTOS/Fernando Veludo

A Metro do Porto estima que no início da próxima semana possa voltar a disponibilizar mais veículos duplos nos serviços de horas de ponta das linhas B e C, que garantindo as ligações mais longas da rede, à Póvoa de Varzim e à Maia, dependem da disponibilidade da frota de veículos tram-train, que se assemelham a comboios suburbanos, com mais lugares sentados. Nos últimos meses, e para além da pressão da procura suscitada pelo Programa de Apoio à Redução Tarifária, os clientes destas linhas viram-se prejudicados por uma diminuição acentuada da capacidade de transporte, provocada pelo esforço de resolução de uma avaria detectada há um ano, e que afectava as 32 composições desta série.

Há cerca de um ano, a empresa apercebeu-se de “uma falha nos patins electromagnéticos” dos veículos tram-train, peças de apoio à frenagem destes comboios produzidos pela Bombardier, o que levou a Metro, e a subconcessionária responsável pela exploração da rede, a tomarem medidas de precaução para garantir a segurança dos passageiros transportados. “Qualquer veículo que não se encontre em totais condições para poder circular, que necessite de ser reparado ou apenas inspeccionado, não circula e não é afecto à operação diária. Mesmo que isso leve a condicionamentos e provoque transtornos junto dos clientes, como se tem vindo a verificar nas linhas Vermelha (B) e Verde (C)”, assumiu a empresa há dias, em comunicado.

Num primeiro momento, ambas as linhas foram afectadas por atrasos decorrentes de uma diminuição da velocidade máxima de circulação e da necessidade de, antes de cada viagem, ser feita uma inspecção visual àqueles componentes. E, a partir de Novembro, munida já, também, de um estudo encomendado ao Inegi – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Industrial da Universidade do Porto, a subconcessionária foi retirando de operação, de forma programada, estes veículos, para substituição das peças nas oficinas da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário em Guifões, Matosinhos.

Foi a partir dessa fase, assume a empresa, que a debilidade no serviço se agudizou, com viagens habitualmente feitas com recurso a duas composições a serem realizadas com apenas uma. E, quando avarias de outro tipo surgiam, as supressões tornavam-se inevitáveis. O problema talvez não fosse tão sentido, por parte dos clientes, se a deficiência, generalizada aos 30 veículos, não tivesse coincidido com um aumento da procura que, de Janeiro de 2019 a Janeiro de 2020, foi de 20%, em média, em toda a rede, cifrando-se em 27% na Linha B, que depende, em exclusivo, desta frota do modelo Flexity Swift, e de 19% na Linha C. Nesta, os tram-train convivem com as unidades da série Eurotram, que garantem parte do serviço.

Trabalhos concluídos esta semana

A empresa garante que “até ao final desta semana os trabalhos de manutenção programada na frota tram-train ficam concluídos”, permitindo que a partir da próxima segunda-feira sejam levantadas a obrigatoriedade de inspecções prévias a cada viagem e a restrição de velocidade. Quanto à oferta, admite apenas “um desvio face ao planeado no período da ponta da tarde com a redução de um serviço em veículo duplo que se fará em unidade simples”. As condições voltam assim à normalidade, do ponto de vista operacional, o que não quer dizer, face aos níveis de procura, que o serviço volte ao que era no final de 2018.

De então para cá, muito mudou. A rede de Metro do Porto tem mais clientes, e mais fiéis (as validações com passe ou com bilhete ocasional, que tinham um rácio 50-50 antes do PART, têm agora uma relação 70-30%), o que coloca pressão sobre o material circulante, que, estando a ser usado ao limite, fica mais sujeito a todo o tipo de avarias. E esta situação coloca, por seu turno, mais pressão sobre a EMEF. É por isso que, para a Metro e para a subconcessionária ViaPorto, o recente impulso dado pelo Governo à empresa de manutenção de material ferroviário, e às suas oficinas em Guifões, surge como uma boa notícia, deixando a expectativa que uma melhor resposta na resolução de avarias minimize a necessidade de diminuição pontual da oferta.

A Metro do Porto aguarda a chegada das novas unidades encomendadas, há duas semanas, aos chineses da CRRC Tangsthan, que devem entrar ao serviço, uma por mês, a partir ainda do primeiro semestre de 2021. Durante algum tempo elas vão ter um impacto muito positivo na rede existente – onde a Linha Amarela está no limite da capacidade e outras, como a Linha F, para Gondomar, viram a procura crescer 43%, entre Janeiro do ano passado e Janeiro deste ano, explicou fonte da empresa. Mas esse alívio será sol de pouca dura, pois boa parte das 18 composições vai acabar por cobrir as necessidades decorrentes da entrada em funcionamento em 2023 de dois novos troços de rede, em Gaia e no Porto, cujas obras devem começar ainda este ano.

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