Ventura acusa Eduardo Cabrita de ajudar a propagar a ideia de que há racismo no país

Deputado do Chega diz que, sempre que há casos de agressões que envolvem as forças de segurança e minorias, Eduardo Cabrita defende as últimas, em vez dos polícias.

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André Ventura Rui Gaudencio

O deputado do Chega acusa o ministro da Administração Interna de ficar “absolutamente em silêncio” quando os polícias são agredidos e de vir “imediatamente a terreiro” quando as forças de segurança se envolvem em agressões com pessoas de minorias raciais ou étnicas, “como se fosse um comentador político ou fosse o ministro do politicamente correcto ou das minorias”.

André Ventura, que falava aos jornalistas no Parlamento sobre o caso da agressão, no domingo, de uma mulher, na Amadora, por um polícia. Defendendo que o Ministério Público (MP) e a PSP devem investigar o que se passou, o deputado disse, no entanto, que “tudo aponta para que seja um caso de actuação policial legítima”. E afirmou que, sempre que existe uma situação que envolve violência, polícias e pessoas de minorias raciais ou étnicas, declara-se “imediatamente que é racismo por parte das forças da autoridade. Isso é o pior serviço que prestamos ao Estado de direito, à Justiça e à democracia”, protestou.

Por isso, vai questionar o ministro da Administração Interna, “não como o BE e o Livre, não para enterrar ainda mais os agentes de segurança”, mas para saber “porque é que tem faltado tanto aos agentes e forças de segurança quando eles também são agredidos” e age rapidamente quando se trata de casos em que os polícias são acusados de agredir, normalmente para falar na existência de racismo.

O deputado disse ter “informações” de que o que se passou “merece ser investigado”, de haver “um motorista de autocarro que é negro” e de outras “testemunhas negras" que se “disponibilizaram para testemunhar” sobre a “cidadã que reagiu brutalmente à abordagem policial e recusou cumprir as regras dentro do autocarro”.

Ventura procurou colocar o ónus da situação na mulher de 42 anos que viajava no autocarro com a filha, questionando por que razão se tomam como boas as suas declarações e se depreciam as do polícia. “Quando olhamos para a história toda vemos alguém que está a incumprir regras, que tem um passado de agressividade - embora isso aqui possa não significar absolutamente nada - e que ainda reagiu mal a um polícia que já estava a acabar o seu dia de trabalho e estava fora do seu horário.​"

O deputado do Chega falou por duas vezes no passado de “actos ilícitos” da mulher para cavar a diferença em relação ao elemento da PSP. O partido diz ter informação de que a cidadã já terá agredido um segurança numa loja e que também o companheiro apresentou queixa contra ela por ameaça.

Questionado sobre se admite que possam ser verdadeiras as agressões físicas e verbais de que a mulher diz ter sido alvo dentro do carro da PSP, o deputado do Chega responde que “admite todos os cenários” e promete que, se o MP chegar a outra conclusão, será “o primeiro a admitir que estava errado”. Mas vinca que “as lesões [no corpo da mulher] são compatíveis com as técnicas que foram utilizadas, legítimas, de neutralização”.

E deixa um aviso: “Ou acabamos com esta história da paranóia do racismo a envolver forças policiais ou, um dia, as autoridades policiais recusam-se a agir em zonas onde há especial predominância de minorias étnicas e raciais, porque qualquer acção que envolva indivíduos de minorias em Portugal torna-se racismo. E em vez de resolver o problema, o ministro aumenta o cerco [às forças de segurança].”

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