Segunda vítima do ataque na Ponte de Londres também tinha estudado em Cambridge

Saskia Jones, de 23 anos, participava na sexta-feira numa conferência sobre reabilitação de condenados – foi este domingo identificada como a segunda vítima do ataque na Ponte de Londres.

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Saskia Jones e Jack Merrit, as duas vítimas do ataque na Ponte de Londres DR

Saskia Jones, estudante de 23 anos da Universidade de Cambridge, foi este domingo identificada como a segunda vítima do ataque na Ponte de Londres, esta sexta-feira. A informação foi confirmada em comunicado pelo Instituto de Criminologia da Universidade do qual a jovem e Jack Merrit (outra vítima, identificada este sábado) faziam parte.

“É com grande tristeza que o Instituto de Criminologia reconhece as mortes de Saskia Jones e Jack Merritt que foram mortos no decorrer dos acontecimentos na Ponte de Londres e nas proximidades enquanto participavam num evento do Learning Together [projecto focado na reabilitação de ex-reclusos], organizado pelo Instituto”, lê-se na nota assinada por Loraine Gelsthorpe, professora e directora do departamento.

Tal como Merrit, Jones fez parte da organização da conferência sobre reabilitação de ex-reclusos que estava a acontecer no edifício Fishmongers’ Hall, muito perto da Ponte de Londres. A jovem acabou por morrer às mãos de Usman Khan, o homem de 28 anos que na sexta-feira matou duas pessoas e feriu outras três com uma faca. A polícia londrina explicou que o ataque terá começado dentro do edifício, por volta das 14h de sexta-feira, antes de continuar numa ponta da Ponte de Londres, onde Khan foi morto a tiro por oficiais armados. A identidade de Jack Merrit foi revelada este sábado pelo pai, através das redes sociais, mas ainda não eram conhecidas informações sobre a segunda vítima; sabia-se apenas que era uma mulher.

A Universidade de Cambridge recorda Saskia Jones como uma jovem “calorosa”, com uma “criatividade intelectual extraordinária” aliada a uma forte crença de que “as pessoas que cometeram crimes deviam ter oportunidades de reabilitação.

“Embora tenha concluído o seu mestrado em Criminologia em 2018, a sua determinação em causar um impacto duradouro e positivo na sociedade e em tudo o que fazia levou-a a permanecer em contacto com a comunidade do Learning Together. [A equipa] Valorizava muito as suas contribuições e foi inspirada pela sua determinação em avançar na direcção do bem”, refere a professora.

De Jack Merrit, a mesma docente relembra o seu “humor silencioso” e o “intelecto rigoroso”. Tal como Saskia, o jovem de 25 anos também acreditava que deviam ser dadas mais oportunidades a ex-reclusos, algo que o fez regressar ao Instituto de Criminologia para integrar a equipa do Learning Together, mesmo depois de já ter terminado a sua formação académica em 2017.

“A paixão de Jack pela justiça social e criminal era contagiosa. Era profundamente criativo e estava corajosamente envolvido com o mundo, defendendo uma política de amor. Trabalhou incansavelmente em lugares escuros para os puxar em direcção à luz”, diz Loraine Gelsthorpe.

Usman Khan, o autor do ataque, era uma das dezenas de pessoas, incluindo estudantes e condenados, que estava a assistir à conferência. Usou um colete de explosivos falsos e grandes facas de cozinha para atacar pessoas que participavam no evento. Khan, cuja família é de origem paquistanesa (da Caxemira paquistanesa), foi condenado em 2012 por participar num grupo que pretendia fazer explodir a Bolsa de Londres, desmantelado na altura pela polícia e pelos serviços secretos internos (MI5). Khan foi radicalizado pela propaganda online da Al-Qaeda na Península Arábica, liderada por Anwar al-Awlaki, um norte-americano que foi morto no Iémen num ataque com drones da CIA em 2011.

A pena a que foi condenado estipulava que devia cumprir um mínimo de oito anos de prisão, com a exigência de que os serviços de liberdade condicional avaliassem se continuava a ser um perigo público antes de ser libertado. Acabou, porém, por ser posto em liberdade sem essa avaliação, em Dezembro do ano passado.

Na sua mensagem, a directora do Instituto de Criminologia agradece a todos os membros da comunidade que arriscaram a sua vida ao tentar deter o agressor até à chegada da polícia –​ alguns, diz Loraine Gelsthorpe, tinham já cumprido pena por diversos crimes, mas “trabalharam juntos de forma altruísta para acabar com aquela tragédia e salvar vidas”. A docente deixa ainda uma mensagem de apreço às famílias, amigos e colegas dos jovens e a todos os que estiveram presentes no evento onde tudo aconteceu.

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