Primeiro-ministro de Malta vai liderar Governo até novo líder ser escolhido

Joseph Muscat anunciou que vai pedir ao seu partido, o Partido Trabalhista, que inicie o processo de escolha do próximo líder. Eleição deve acontecer a 12 de Janeiro, disse o primeiro-ministro maltês. Nas ruas gritam-se palavras de ordem contra a “máfia” no poder.

Fotogaleria
O pai e a mãe da jornalista assassinada Daphne Caruana Galizia na manifestação Yara Nardi/REUTERS
Bancos tyra
Fotogaleria
Manifestantes dão culpas ao primeiro-ministro Vincent Kessler/REUTERS

Enquanto nas ruas de Valetta milhares de pessoas pediam a demissão imediata do primeiro-ministro de Malta, para garantir que se faça justiça na investigação do assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia, o grupo parlamentar do Partido Trabalhista deu o seu apoio a Joseph Muscat para que continue à frente do Governo até 12 de Janeiro, quando o novo líder será escolhido. 

Nas ruas grita-se “máfia”, “assassinos”, “fora”. Mas Governo e deputados foram até agora surdos a esses apelos. Antes da reunião de quatro horas deste domingo, avançava-se já que o partido iniciasse o processo para eleger um novo líder e primeiro-ministro a 8 de Janeiro, e que Muscat continuasse à frente do Governo até lá. Esses planos parecem confirmados, ainda que seja a 12 de Janeiro e apesar de, na sexta-feira, ter sido noticiado que o governante se estava a preparar para anunciar a demissão, cedendo a pressões internas e europeias.

O líder da oposição maltesa, Adrian Delia, acusou o primeiro-ministro de estar a mergulhar o país na incerteza, ao “agarrar-se ao poder”. “Tal como Joseph Muscat protegeu Keith Schembri e Konrad Mizzi [ex-ministros denunciados por Galizia], hoje o seu grupo parlamentar protegeu-o”, afirmou o político num discurso transmitido na televisão, relata o jornal Times of Malta.

Em causa está a sua influência no inquérito sobre a morte de Galizia, que investigava ligações entre políticos e máfias locais, e empresas registadas no Panamá, usadas para desviar avultadas somas de dinheiro. Dois dos nomes que ela identificava eram ministros com relações de amizade antigas com Muscat: Keith Schembri, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, e Konrad Mizzi, ex-ministro do Turismo. Ambos pediram demissão esta semana, quando foram interrogados pela polícia e as suas propriedades alvo de buscas.

Muscat parece apostado em que seja condenado uma outra personagem – o empresário Yorgen Fenech, que foi indiciado como intermediário na contratação dos assassinos da jornalista. Ele ofereceu-se para contar tudo o que sabe, a troco de um acordo de imunidade. O primeiro-ministro opõe-se a essa possibilidade.

Sugerir correcção
Comentar