Casa Branca sem registo da chamada em que Trump negou pressão sobre a Ucrânia

O telefonema entre o Presidente norte-americano e o embaixador dos EUA na União Europeia, que terá acontecido a 9 de Setembro, é essencial para a defesa do Partido Republicano no processo de impeachment.

Foto
Gordon Sondland afirmou, sob juramento, que o Presidente norte-americano exigiu a abertura de investigações sobre Joe Biden em troca de 391 milhões dólares em ajuda militar à Ucrânia Reuters/JONATHAN ERNST

Um telefonema entre o Presidente Donald Trump e Gordon Sondland, embaixador norte-americano na União Europeia (UE), a 9 de Setembro, que é uma peça central na defesa de Trump no processo de destituição, não foi ainda confirmado nem por testemunhas, nem pelos registos das chamadas na Casa Branca.

Segundo o embaixador Sondland, o Presidente Trump disse-lhe ao telefone que “não queria nada” da Ucrânia nem do Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, indo ao ponto de especificar que “não queria trocas de favores”.

Na semana passada, Trump leu essas palavras aos jornalistas, na Casa Branca, a partir de um bloco de notas onde estavam escritas a marcador e em tamanho gigante.

“Ele perguntou o que é que queria porque tinha ouvido várias teorias”, disse Trump na altura. “E a minha resposta foi esta. Estão prontos? Têm as câmaras ligadas? Eu não quero nada. Não quero nada. Não quero trocas de favores. Diz ao Zelensky para agir correctamente.”

Na sua primeira audição como testemunha no processo de destituição, em Outubro, à porta fechada, Sondland disse aos congressistas que ligou a Trump no dia 9 de Setembro para esclarecer as dúvidas do embaixador norte-americano em Kiev, William Taylor.

Nesse dia, Taylor tinha enviado uma mensagem a Sondland perguntando-lhe se era verdade que o Presidente Trump estava a reter o envio de 391 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia, em troca de um compromisso do Presidente ucraniano para investigar Joe Biden – um dos favoritos no Partido Democrata para concorrer às eleições presidenciais de 2020 nos EUA.

Apesar de Gordon Sondland ter afirmado num segundo depoimento, na semana passada, que o objectivo de Trump era mesmo obter essa troca de favores, o seu relato sobre o suposto telefonema de 9 de Setembro deu munições ao Partido Republicano para continuar a defender o Presidente norte-americano.

Esta quinta-feira, o Washington Post noticia que não há registos desse telefonema na Casa Branca, e que, a ter sido feito por outros meios, só pode ter acontecido de madrugada – a uma hora que o próprio Gordon Sondland dizia ser proibitiva para telefonar ao Presidente norte-americano.

A hora da chamada foi calculada a partir dos registos das mensagens trocadas entre William Taylor e Gordon Sondland. O embaixador na UE respondeu à mensagem do embaixador em Kiev, já com a suposta resposta de Trump, às 5h19, hora em Washington.

Ao contrário das dúvidas sobre a chamada de 9 de Setembro, um outro telefonema entre Trump e Sondland foi confirmado por duas testemunhas e está registado na Casa Branca.

Segundo o depoimento de Tim Morrison, na altura especialista em assuntos russos no Conselho de Segurança Nacional, o Presidente norte-americano disse ao embaixador na União Europeia, numa conversa a 7 de Setembro, que “não estava a pedir uma troca de favores” à Ucrânia, “mas insistiu que o Presidente Zelensky anunciasse as investigações contra Biden”.

Sugerir correcção
Comentar