Candidato republicano a governador do Kentucky derrotado, apesar do forte apoio de Trump

Num estado tradicionalmente republicano, o candidato democrata conseguiu uma vitória disputada taco a taco. Na Virgínia, o Partido Democrata passou a controlar as duas câmaras do congresso estadual.

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Matt Bevin não conseguiu ser reeleito como governador do Kentucky Reuters/YURI GRIPAS

O Partido Democrata alcançou uma preciosa vitória na terça-feira nas eleições para governador do Kentucky, um estado tradicionalmente conservador. O candidato republicano derrotado tinha recebido um forte apoio de Donald Trump.

A eleição no Kentucky foi disputada ao milímetro e no seu discurso durante a noite de terça-feira o candidato republicano e actual governador, Matt Bevin, recusou reconhecer a derrota referindo-se a “irregularidades”, segundo a Reuters. A vantagem do democrata Andy Beshear, filho de um antigo governador do estado, era inferior a 0,4%, de acordo com a CNN.

Na terça-feira, quatro estados (Kentucky, Virgínia, Mississippi e Nova Jérsia) foram a votos para escolher vários cargos a nível estadual e distrital. A menos de um ano das presidenciais, estas eleições são interpretadas como um ponto de situação do panorama político norte-americano, apesar das especificidades a nível local.

No caso do Kentucky, por exemplo, a derrota de Bevin pode estar relacionada com a baixa popularidade do republicano – algumas sondagens indicavam-no como o governador com menor taxa de aprovação nos EUA. O seu mandato ficou marcado por uma luta acesa com os sindicatos de professores, que contestavam o corte nas pensões, e pela revogação da expansão do Medicaid no estado, um programa de cuidados de saúde para os mais pobres.

Ainda assim, Trump depositou grandes esperanças em Bevin, tendo marcado presença no comício final de campanha na segunda-feira à noite. E foi o próprio Presidente a conferir às eleições no estado uma leitura nacional. “Se perderes, eles vão dizer que Trump sofreu a pior derrota da história do mundo. Não podes deixar que isso aconteça”, afirmou durante o comício.

À medida que os resultados começavam a ser conhecidos, Trump tentou sublinhar o lado positivo da derrota de Bevin. “Matt Bevin recuperou pelo menos 15 pontos nos últimos dias, mas talvez não tenha sido suficiente (as notícias falsas irão culpar Trump!)”, escreveu no Twitter.

Em 2016, Trump venceu no Kentucky com mais de 60% dos votos e as sondagens mostram que se mantém popular entre o eleitorado do estado.

Virgínia azul

Na Virgínia, uma noite mais bem-sucedida para o Partido Democrata seria difícil. O partido alcançou maiorias nas duas câmaras do congresso estadual, passando a controlar o executivo e o legislativo. O governador Ralph Northam declarou num comício em Richmond que “a Virgínia é oficialmente azul”.

A partir de agora, os democratas têm uma oportunidade única para aprovar legislação que há muito estava bloqueada pelos republicanos, como a imposição de limites à posse de armas de fogo. O partido poderá também dirigir o processo de redesenho dos distritos eleitorais em 2021.

A noite também proporcionou uma vitória simbólica do movimento de oposição a Trump com a eleição de Juli Briskman para a Comissão de Supervisores do Condado de Louton. A corrida eleitoral seria insignificante, mas tornou-se notícia nacional porque Briskman foi a ciclista que em 2017 foi fotografada a fazer um gesto obsceno na direcção da caravana presidencial. A imagem correu mundo e Briskman acabaria por ser despedida da empresa onde trabalhava. Processou os antigos patrões que foram obrigados a pagar-lhe uma indemnização por despedimento sem justa causa.

A melhor notícia para os republicanos na noite de terça-feira foi a vitória do seu candidato a governador no Mississippi. O actual, Phil Bryant, não pôde recandidatar-se por ter atingido o limite de mandatos e o candidato Tate Reeves disputou a corrida com o procurador-geral Jim Hood, um democrata próximo da direita que defende a posse de armas e é contra o direito ao aborto.

Em Nova Jérsia, os democratas mantiveram, tal como previsto, a maioria na câmara baixa do congresso estadual.

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