EUA notificam formalmente as Nações Unidas sobre saída do Acordo de Paris

Os candidatos do Partido Democrata à nomeação para a corrida à Casa Branca prometem que, se vencerem as eleições em 2020, os EUA vão regressar ao Acordo de Paris.

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Donald Trump Reuters/JONATHAN ERNST

A administração Trump notificou formalmente as Nações Unidas sobre a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. Este é o primeiro passo formal, num processo que poderá durar um ano, para que os EUA abandonem efectivamente o acordo internacional de combate às alterações climáticas, confirmou o secretário de Estado, Mike Pompeo, esta segunda-feira.

Os Estados Unidos, um dos principais emissores de gases com efeito de estufa, poderão efectivamente abandonar o acordo. Uma decisão que, temem os especialistas, poderá dar novo fôlego às indústrias norte-americanas de petróleo, gás e carvão.

“Os Estados Unidos têm orgulho no recorde enquanto líder mundial na redução de todas as emissões, na promoção da resiliência, no crescimento da nossa economia e em assegurar energia para os nossos cidadãos. O nosso modelo é realista e pragmático”, afirmou Mike Pompeo, numa publicação no Twitter.

A carta do Departamento de Estado, dirigida ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, é o primeiro passo de um processo de saída que poderá ficar concluído a 4 de Novembro de 2020, um dia depois das próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

As emissões de carbono, o principal gás com efeito de estufa, derivadas do sector da energia aumentaram no ano passado nos EUA, depois de terem estado em declínio durante os três anos anteriores. Um relatório, divulgado este ano pelos procuradores-gerais, refere ainda que os planos de Donald Trump para reverter as regulamentações sobre as alterações climáticas podem aumentar as emissões de carbono dos Estados Unidos em mais de 200 milhões de toneladas por ano até 2025.

Os ambientalistas esperam que Trump saia derrotado das eleições em 2020 e que o seu adversário volte a aderir ao Acordo de Paris. “O próximo presidente terá de regressar ao acordo imediatamente e comprometer-se com uma transformação rápida e maciça da energia limpa que a emergência climática exige”, disse à Reuters Jean Su, director do Centro para a Biodiversidade.

Todos os candidatos do Partido Democrata à nomeação para a corrida à Casa Branca prometem que, se vencerem a eleição, os EUA vão regressar ao Acordo de Paris. Os favoritos, como Joe Biden, Elizabeth Warren ou Bernie Sanders, prometem mesmo reforçar os compromissos e estabelecer metas mais ambiciosas no combate às emissões de carbono. Por outro lado, várias cidades e estados norte-americanos já aprovaram leis que contornam esta política da Administração Trump.

Os Estados Unidos aderiram ao Acordo de Paris em 2015, durante a administração de Obama, prometendo um corte entre 26 e 28% das emissões de gases com efeito de estufa até 2025. Já Donald Trump prometeu rescindir o acordo, argumentando que este seria prejudicial à economia dos EUA e permissivo para grandes poluidores como a China. Trump foi obrigado, no entanto, de acordo com as regras das Nações Unidas, a esperar até 4 de Novembro deste ano (esta segunda-feira) para apresentar formalmente a saída do acordo.

Até à saída oficial, os Estados Unidos continuarão a participar em negociações sobre aspectos técnicos do acordo. Dezenas de governadores, mayors e outros representantes locais norte-americanos reafirmaram já, segundo o The New York Times, o seu compromisso em cumprir as metas do Acordo de Paris. O bilionário Michael Bloomberg garantiu também que a sua organização filantrópica irá continuar a financiar a participação dos EUA nas próximas negociações sobre as alterações climáticas. A próxima cimeira do clima (COP25) vai realizar-se em Madrid, depois de o Chile ter desistido de organizar o evento.

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