A Grande Barreira de Coral está em “muito mau” estado

Relatório da Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral alerta para os efeitos das alterações climáticas, o excesso de pesca e desflorestação nas zonas costeiras do maior recife de coral do mundo.

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Ove Hoegh-Guldberg/Universidade de Queenasland

A Grande Barreira de Coral, na Austrália, está em “muito mau” estado devido às alterações climáticas, ao excesso de pesca e à desflorestação das zonas costeiras, afirmou esta sexta-feira num relatório a Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral (GBRMPA, na sigla em inglês), responsável pela protecção deste recife. Como o estatuto de protecção deste ecossistema baixou para o mais baixo possível, refere-se ainda que tal pode comprometer o estatuto da Grande Barreira como Património da Humanidade.

No relatório, a GBRMPA destaca ainda que o maior sistema de recifes de coral do mundo, que se estende pela costa Nordeste do estado de Queensland, na Austrália, deteriorou-se desde a última revisão feita por organismo em 2014. Contudo, assinala que os problemas que os recifes enfrentam não são insuperáveis.

“Este relatório chama a atenção para o cenário que a Grande Barreira de Coral enfrenta a longo prazo, que é muito mau e sobretudo influenciado pelas alterações climáticas”, refere David Wachenfeld, cientista do David Wachenfeld. “Apesar disso, através de uma mistura entre acções certas no local para melhoramos a resiliência do sistema e de acções globais para atacar as alterações climáticas da forma mais poderosa e rápida possível, podemos mudar a situação.”

Feito a cada cinco anos, o relatório descreve que a Grande Barreira está deteriorada devido ao branqueamento de corais e à da perda de habitat. As causas apontadas são a degradação causada pelas alterações climáticas provocadas pelo humano, o excesso de pesca, a má qualidade da água e desflorestação da zona costeira.

A Grande Barreira de Coral estende-se ao longo de mais de 2300 quilómetros e é casa de mais de 400 tipos de corais, 1500 espécies de peixes e 4000 tipos de moluscos. Algumas partes dos recifes permanecem em boas condições, mas muitas espécies, incluindo golfinhos, tubarões, raias e tartarugas, estão ameaçadas.

No ano passado, o comité do Património da Humanidade da UNESCO alertou para se fizessem algo a nível global relativamente às alterações climáticas para que se pudesse assim proteger os cinco maiores recifes de coral do mundo, incluindo a Grande Barreira de Coral. O comité chegou a pôr em causa a permanência desses recifes na lista de Património da Humanidade.

A Grande Barreira de Coral é uma das áreas do Património da Humanidade mais famosas do mundo, ainda que o relatório afirme que sua integridade esteja em causa e que se esteja a deteriorar”, refere um comunicado da Sociedade Australiana da Conservação Marinha, um grupo ambientalista.

“Este é já o terceiro relatório que faz uma perspectiva [do estado da Grande Barreira]. Já temos dez anos de avisos, dez anos de emissões de gases com efeito de estufa a subir e dez anos a assistir à Grande Barreira rumo a uma catástrofe”, disse Imogen Zethoven, director de estratégia da Sociedade Australiana da Conservação Marinha. “Este relatório irá ser um grande contributo para o comité da UNESCO e é um argumento muito forte para este recife ser considerado na lista do [Património Mundial] ameaçado.” A inclusão da Grande Barreira de Coral nessa lista poderia ser uma vergonha para o Governo australiano e poderia ameaçar a indústria do turismo.

O responsável da UNESCO da região da Ásia e do Pacífico, Feng Jing, disse que a organização estava a seguir de perto o estado da Grande Barreira de Coral, os progressos feitos na sua protecção e que o seu estatuto poderá ser avaliado em Julho do próximo ano. “Esperemos que os esforços colectivos levados a cabo pela Austrália levem a mudanças necessárias para assegurar a sustentabilidade e conservação da Grande Barreira de Coral”, disse Feng Jing numa declaração por email.

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