Temperaturas mais altas de sempre registadas na Alemanha, Bélgica, Holanda e Paris

Depois da onda de calor de Junho, a Europa volta a ser assolada por temperaturas altas – que estão a quebrar recordes em várias cidades e países. O especialista Filipe Duarte Santos diz ao PÚBLICO que as alterações climáticas fazem com que estes fenómenos se tornem cada vez mais frequentes, com efeitos na saúde humana e no ambiente.

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Piscina pública em Essen, na Alemanha EPA/FRIEDEMANN VOGEL
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Haltern am See, cidade alemã onde os termómetros já chegaram aos 40ºC EPA/FRIEDEMANN VOGEL
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Alemanha EPA/FRIEDEMANN VOGEL
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Piscina pública em Essen, na Alemanha EPA/FRIEDEMANN VOGEL
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Um tanque arrefece com água fria a pista do aeroporto de Schiphol, nos Países Baixos EPA/ROBIN VAN LONKHUIJSEN
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Florença, Itália. As autoridades italianas aumentaram o alerta para o nível 3 (vermelho) nas cidades de Bolzano, Brescia, Florença, Perugia e Turim, devido a “condições de emergência que podem afectar a saúde de pessoas activas e saudáveis, não apenas subgrupos de risco, como idosos, crianças muito jovens e pessoas com doenças crónicas”. EPA/CLAUDIO GIOVANNINI
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Florença, Itália EPA/CLAUDIO GIOVANNINI
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Florença, Itália EPA/CLAUDIO GIOVANNINI
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Serviços municipais de Noordenveld, na Holanda, tentam arrefecer as estradas com máquinas que lançam água fria para os pavimentos EPA/KEES VAN VEEN
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Serviços municipais de Noordenveld, na Holanda, tentam arrefecer as estradas com máquinas que lançam água fria para os pavimentos EPA/KEES VAN VEEN
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Participantes do Festival Paleo, em Nyon, na Suíça, tentam combater o calor com mergulhos na piscina local EPA/SALVATORE DI NOLFI
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Viena, Áustria Reuters/LISI NIESNER
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Termómetro junto a um edifício das Nações Unidas marca mais de 36ºC em Bonn, na Alemanha REUTERS
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Viena, Áustria REUTERS
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Viena, Áustria REUTERS
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Pembrokeshire, País de Gales REUTERS
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Deauville, França. Os termómetros chegaram aos 38ºC. REUTERS
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Berlim, Alemanha REUTERS
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Parque aquático em Frankfurt, Alemanha REUTERS
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Hanau, Frankfurt, Alemanha REUTERS
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Parque aquático em Frankfurt, Alemanha REUTERS
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Munique, Alemanha REUTERS
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Callella, Espanha REUTERS
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Sangatte, França REUTERS
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Sangatte, França REUTERS
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Málaga, Espanha REUTERS
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Bruxelas, Bélgica REUTERS
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Jutlândia, Dinamarca REUTERS
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Berlim, Alemanha REUTERS
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Bruxelas, Bélgica REUTERS

A vaga de calor na Europa está a fazer com que vários países batam os seus recordes de temperatura máxima: a Alemanha chegou na tarde desta quinta-feira aos 41,5 graus Celsius; a Bélgica atingiu os 40,6 graus Celsius; a Holanda ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 40ºC; e a cidade de Paris chegou aos 42,6ºC – tudo temperaturas que nunca tinham sido observadas desde que existem registos meteorológicos em cada um destes locais. 

Esta é a segunda vaga de calor na Europa em menos de um mês. Numa nota do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) é explicado que esta subida de temperatura na Europa é explicada pelo “transporte de ar muito quente do Norte de África”, que acontece “por causa da persistência de uma região de altas pressões sobre o Mediterrâneo Ocidental e França”.

O especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos explica ao PÚBLICO que sempre houve ondas de calor, mas que se estão a tornar “cada vez mais frequentes” e com registo de temperaturas cada vez mais altas – além disso, afectam vários países ao mesmo tempo.

“É uma questão probabilística: no passado podia acontecer, mas era uma probabilidade ínfima. Agora, a probabilidade destes fenómenos é cada vez maior por causa das alterações climáticas”, argumenta. O aumento de emissões de dióxido de carbono, que faz aumentar a temperatura média do planeta, está por trás das alterações climáticas.

No fim deste século, diz, estas vagas de calor podem passar a ser “o novo normal”, tornando-se mais frequentes, com todos os riscos associados ao nível da saúde e do ambiente. “Os sinais e os efeitos das alterações climáticas são cada vez mais claros e devíamos ser mais eficazes” na prevenção, alerta.

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Imagem composta do satélite Copernicus Sentinel-2 que mostra as temperaturas na Europa a 24 de Julho Copernicus Sentinel-2

A Organização Meteorológica Mundial confirmou a existência de uma “onda de calor ampla e intensa” na Europa, pela segunda vez em menos de um mês. Já as temperaturas altas de Junho estão inseridas numa “onda de calor precoce e excepcionalmente intensa”. Como explica o IPMA, as ondas de calor correspondem a um intervalo de pelo menos seis dias consecutivos em que a temperatura máxima diária é superior em cinco graus Celsius ao valor médio diário do período de referência – para a altura do ano e para o local em questão.

Holanda teve falhas, mas termómetros ultrapassam 40ºC

Pouco depois de anunciar um recorde de temperatura de 41,7ºC na Holanda, o instituto real de meteorologia holandês KMNI disse que estava a “investigar” para ter a certeza de que os valores estavam correctos — e acabou por esclarecer que a temperatura anunciada não era válida e que o verdadeiro valor era de 40,4ºC (que é, na mesma, a temperatura mais alta já registada no país). Os valores anteriormente registados tinham “subido com uma rapidez inacreditável” em poucos minutos, diz o KMNI. Tanto a Holanda como a Bélgica e a Holanda tinham já batido os seus recordes de temperatura na quarta-feira.

Também no Reino Unido as previsões meteorológicas apontam para que se registe nesta quinta-feira o dia mais quente de sempre, com temperaturas que podem chegar aos 39ºC. A temperatura mais alta alguma vez registada no país até hoje é de 38,5ºC. “As alterações climáticas aumentaram a probabilidade e a gravidade destes episódios de onda de calor pela Europa”, alertou o serviço meteorológico do Reino Unido. A temperatura mais alta de sempre registada no Reino Unido num mês de Julho foi já atingida nesta quinta-feira, em Londres: 36,9ºC​. 

A cidade de Paris, capital francesa, atingiu nesta quinta-feira a temperatura mais alta desde que existem registos (1873), revelou o serviço de meteorologia do país, Meteo France: os termómetros chegaram aos 41 graus Celsius ao início da tarde, algo “nunca antes visto”; durante a tarde, voltou a bater-se o recorde, com 42,6ºC. O recorde de temperatura anterior na cidade era de 40,4 graus Celsius e tinha sido registado em Julho de 1947. Em Junho deste ano, França registou pela primeira vez uma temperatura superior a 45 graus Celsius: o recorde de temperatura nacional foi batido durante a onda de calor de 28 de Junho, em Villevieille, onde os termómetros chegaram aos 45,1ºC.

Menos calor e mais chuva nos próximos dias

Ainda que estes países estejam a registar temperaturas muito altas, os próximos dias serão de tempo ameno, acompanhado de chuva e tempo nublado em algumas regiões.

Segundo o Méteo France, as temperaturas elevadas obrigaram a que vários departamentos do Norte de França estejam em alerta vermelho até sexta-feira, prevendo-se “fenómenos perigosos de intensidade excepcional”. As temperaturas vão baixar já na sexta-feira – em alguns locais há uma descida de mais de dez graus – e está prevista chuva e tempo nublado para os próximos dias no território francês.

Grande parte do território holandês está em alerta laranja (o resto sob aviso amarelo) devido às temperaturas altas. A partir de sexta-feira haverá uma descida das temperaturas na Holanda e há também possibilidade de chuva, de vento e de trovoada. Na Bélgica (tal como na Alemanha), as temperaturas também ficarão mais amenas a partir de sábado e está previsto tempo nublado e chuva no fim-de-semana.

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