Temperatura desce em Portugal, mas calor extremo atinge a Europa

Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil emitiu um “aviso à população” devido ao risco de incêndio, mas IPMA prevê já uma descida da temperatura em Portugal a partir de quinta-feira.

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Onda de calor em Paris IAN LANGSDON/LUSA

O calor estará de regresso à Europa, com os termómetros em Bordéus, em França, a atingirem 41,2 graus Celsius — a temperatura mais elevada na cidade desde que há registo. De acordo com dados recolhidos pelo instituto meteorológico Météo-France, até então a temperatura mais alta tinha sido atingida em 2003, quando a cidade chegou aos 40,7ºC, ano em que uma onda de calor terá contribuído para quase 15.000 mortes.

Uma grande parte do país está sob aviso laranja (o segundo nível de alerta mais alto) devido ao calor e o Météo-France prevê que, esta quinta-feira, se voltem a registar temperaturas elevadas em cidades como Paris. Segundo os serviços meteorológicos, a capital francesa poderá mesmo atingir a temperatura mais alta dos últimos 70 anos (41ºC). Para evitar casos de desidratação, estarão à disposição dos ciclistas da Volta à França mais pontos de água, avança a BBC.

Mas o calor não se ficará por França, com os meteorologistas a preverem temperaturas recorde (a rondar os 40ºC), ao longo desta semana, em países como a Bélgica, Alemanha ou Holanda.

Numa acção “sem precedentes”, classifica a BBC, a Bélgica emitiu um alerta vermelho devido ao calor em todo o país, enquanto o Governo holandês activou um “plano nacional para o calor”.

Os serviços meteorológicos belgas prevêem temperaturas de 38ºC no nordeste do país e, segundo a agência Lusa, muitos serviços irão encerrar em Bruxelas esta quarta, quinta e sexta-feira às 13h devido ao calor extremo.

No Reino Unido, prevê-se que os termómetros atinjam recordes esta quinta-feira. “Vamos provavelmente bater o recorde de calor de 36,7°C em Julho, e há mesmo a possibilidade de bater o recorde absoluto de 38,5”, avançaram os serviços meteorológicos britânicos citados pela Lusa.

A vaga de calor está também a afectar Itália. Esta quarta-feira, as autoridades italianas aumentaram o alerta para o nível 3 (vermelho) nas cidades de Bolzano, Brescia, Florença, Perugia e Turim, devido a “condições de emergência que podem afectar a saúde de pessoas activas e saudáveis, não apenas subgrupos de risco, como idosos, crianças muito jovens e pessoas com doenças crónicas”. Espanha, por sua vez, declarou alerta vermelho na região de Saragoça.

Risco de incêndio elevado e descida da temperatura

O serviço de alterações climáticas do programa da União Europeia Copernicus alerta ainda para um elevado risco de incêndios florestais em Espanha e Portugal.

Com base nas previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que apontam para o “agravamento do risco de incêndio” nesta quarta e quinta-feira, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) emitiu também um “aviso à população” devido à subida gradual da temperatura máxima e à diminuição da humidade relativa.

No entanto, o IPMA prevê já uma “descida da temperatura, em especial no interior”, nebulosidade e possibilidade de chuva fraca no litoral a partir desta quinta-feira, em Portugal, de acordo com informação disponibilizada no site.

Ondas de calor mais frequentes

No mês passado, uma onda de calor atingiu também vários países, com Junho a ser considerado o mais quente desde que há registo na Europa.

Segundo Claire Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial, as ondas de calor que se têm vindo a registar carregam “a marca das alterações climáticas”, disse à BBC. “Como vimos em Junho, elas estão-se a tornar mais frequentes, a começar mais cedo e a tornarem-se mais intensas. Este não é um problema que vai desaparecer”, sublinhou Nullis.

Embora os especialistas evitem associar eventos isolados ao aquecimento global, os dados mostram que os eventos extremos estão-se a tornar mais frequentes nas últimas décadas, ao mesmo tempo que a temperatura média global do planeta tem vindo a aumentar – relativamente ao período pré-industrial, por volta de 1850, essa temperatura já se aumentou em 0,87 graus Celsius.

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