Trabalhadores da PSA em Mangualde avançam com pré-aviso de greve

De acordo com o sindicato, a direcção da empresa “queria que os trabalhadores fizessem, numa semana de cinco dias, quatro com dez horas de trabalho”. Os objectivos desta greve são “garantir a manutenção dos dois dias de descanso consecutivo, garantir a não-realização de mais de oito horas diárias de trabalho e o fim da perseguição, chantagem, pressão e repressão”.

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NELSON GARRIDO / PUBLICO

Os trabalhadores da PSA/Peugeot/Citroën de Mangualde decidiram avançar com um pré-aviso de greve todos os sábados a partir do próximo e até ao final do ano, para combater a produção extraordinária “imposta pela direcção”, disse à Lusa fonte sindical.

“Ultrapassou os limites do razoável e, neste momento, decidimos avançar com o pré-aviso de greve. Esta greve vai até à meia-noite do dia 31 de Dezembro e é aplicada nos dias em que há produção extraordinária, que é o caso dos sábados, porque essas horas são cortadas nas bolsas de horas”, explicou à agência Lusa o responsável sindical do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Norte (Site-Centro Norte).

Segundo Telmo Reis, a direcção da empresa “queria que os trabalhadores fizessem, numa semana de cinco dias, quatro com dez horas de trabalho”, o que o sindicato considerou ser “um absurdo, já que em cinco dias vão ser feitas 48 horas”.

“Garantir a manutenção dos dois dias de descanso consecutivo, garantir a não-realização de mais de oito horas diárias de trabalho e o fim da perseguição, chantagem, pressão e repressão, são os principais objectivos desta greve”, afirmou Telmo Reis.

O delegado sindical disse que a greve pretende “acabar com a bolsa de horas” e “este pré-aviso de greve é para chamar a atenção para negociar”, uma vez que o sindicato “ainda não conseguiu entrar directamente em diálogo com a direcção” da empresa, sediada em Mangualde.

“Eles recusam-se, e estão no seu direito, ao término da bolsa de horas em 2020 e nós já alertámos diversas vezes que os trabalhadores começam a ficar saturados, frustrados e, neste momento, o grande absentismo é relativo a doenças profissionais e psicológicas, porque acaba por se tornar stressante o dia-a-dia e a pressão que exercem para a realização da produção”, apontou Telmo Reis.

No comunicado enviado à administração da PSA/Peugeot/Citroën de Mangualde, ao Ministério do Trabalho e Solidariedade e Segurança Social e à comunicação social, o sindicato avisa que a direcção da empresa “continua a impor calendários de bolsa de horas sem ter em conta os alertas feitos pelos trabalhadores, nomeadamente ao nível do desgaste físico e psicológico”.

“Continuam a exercer pressão e repressão, inclusive disciplinar, sobre os trabalhadores, para os forçar a realizar trabalho aos sábados, domingos, em dia de feriado e em dias normais de trabalho (por prolongamento ou acréscimo) para a referida bolsa de horas”, escreve o sindicato.

No documento, o Site-Centro Norte diz que a direcção da empresa automóvel “marcou horas de produção ao abrigo da bolsa de horas para os dias dos meses de Verão, sobrecarregando os trabalhadores com dez horas de trabalho diário”.

Uma atitude que o sindicato considera que “põe em causa os direitos dos trabalhadores, a manutenção dos dois dias consecutivos de descanso (sábado e domingo) e o efectivo gozo dos dias de feriado, bem como irá criar um desgaste diário, ao nível físico e psicológico”.

Cada turno na PSA/Peugeot/Citroën de Mangualde tem, em média, cerca de 300 trabalhadores, e a primeira greve está marcada para sábado, dia 13, a partir das 00h, e termina no último dia do ano, 31 de Dezembro.

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