Comissão Europeia estabiliza previsão de crescimento em 1,7%

Bruxelas mantém projecções para Portugal e a zona euro em 2019, interrompendo série de revisões em baixa dos últimos meses. Mas alerta para a existência de riscos.

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LUSA/OLIVIER HOSLET

Depois de ter efectuado uma série de revisões em baixa durante os últimos meses, a Comissão Europeia estabilizou esta quarta-feira as suas previsões de crescimento para a economia da zona euro e para Portugal, continuando no entanto a alertar para a existência de riscos.

Nas projecções económicas interinas de Verão agora divulgadas, Bruxelas aponta para um crescimento este ano de 1,2% na zona euro e de 1,7% em Portugal, precisamente os mesmos números que estimava em Maio, quando deu a conhecer as suas previsões de Primavera. Para 2020, a Comissão Europeia ainda realizou uma ligeira revisão em baixa da sua projecção de crescimento na zona euro, de 1,5% para 1,4%, sendo que para Portugal se manteve o valor de 1,7% já avançado em Maio.

Esta estabilização das previsões da Comissão Europeia entre a Primavera e Verão marca o fim de uma tendência negativa que se vinha verificando desde o final do ano passado. A deterioração da conjuntura económica mundial num cenário de agravamento das tensões comerciais vinha obrigando a Comissão e outras instituições internacionais a rever sucessivamente em baixa as suas projecções de crescimento para este ano e o próximo.

No entanto, não há ainda sinais de que a economia possa estar prestes a iniciar uma nova fase de aceleração forte. Em relação à zona euro, o relatório diz que “a retoma antecipada para o final do ano parece agora mais fraca, já que o ciclo da indústria ainda não chegou ao seu ponto mais baixo e as expectativas para o comércio e investimento continuam a ser estar ensombradas pelo proteccionismo e a incerteza.

“A escalada das tensões comerciais e um aumento das incertezas nas políticas” são apresentados como os principais riscos que a zona euro enfrenta.

Para Portugal, os riscos que se sentem na Europa são também os seus próprios riscos, uma vez que um enfraquecimento do crescimento na zona euro tem consequências imediatas para o dinamismo da economia portuguesa. A Comissão Europeia diz que “o crescimento do PIB português deverá diminuir marginalmente ao longo do horizonte de previsão principalmente como reflexo de uma conjuntura externa menos favorável”, assinalando também a possibilidade de um abrandamento progressivo do consumo privado a par de uma tendência positiva ao nível do investimento, que acelerou nos primeiros três meses deste ano.

Em 2018, a economia registou um crescimento de 2,1%. No primeiro trimestre deste ano, a variação homóloga do PIB não passou dos 1,8% e para a totalidade de 2019 a Comissão espera um crescimento de 1,7%, um valor que fica abaixo dos 1,9% projectados pelo Governo.

A Comissão Europeia destaca ainda o facto de Portugal continuar a registar um desempenho muito positivo ao nível dos serviços, em especial no turismo, ao mesmo tempo que o sector da indústria revela uma maior volatilidade, sendo afectado pela incerteza que se vive no comércio internacional.

No que diz respeito ao mercado imobiliário, a Comissão volta a defender que “a subida gradual da oferta de habitação deverá contribuir para alguma moderação nos preços das casas”, salvaguardando, contudo, que não espera qualquer alteração brusca do panorama actual. “O ritmo do ajustamento deverá manter-se lento”, afirma o relatório.

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