Julho vai celebrar a 4.ª edição de A Gulbenkian e o Cinema Português

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou que a relação de 50 anos entre A Gulbenkian e o Cinema Português vai ser celebrada em Julho. Esta é a quarta edição do evento que acontecerá sob o lema Memória do Futuro.

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O realizador Jorge Cramez Miguel Manso

A 4.ª edição do ciclo de cinema ​A Gulbenkian e o Cinema Português vai coincidir com os 50 anos desta relação e para celebrar vão ser exibidos 15 filmes de nove realizadores com a curadoria de António Rodrigues​, sob o lema Memória do Futuro, anunciou a Fundação Calouste Gulbenkian.

Durante seis dias, essas 15 curtas e longas-metragens, apoiadas pela fundação, em termos de produção e de internacionalização, dirigidas por nove realizadores de diferentes gerações,​ serão exibidas em seis sessões, divididas por três temáticas — O Futuro da Memória, Artistas Filmados e Os Anos Gulbenkian —, que vão contar com a presença de alguns dos realizadores em foco.

O Futuro da Memória, que inicia e fecha o ciclo, vai apresentar, no primeiro dia, o filme A Volta ao Mundo Quando Tinhas 30 anos de Aya Koretzky, com a presença do crítico de cinema Bernardo Vaz de Castro, e, no último dia, a encerrar a edição, é projectado o filme Actos de Cinema, do realizador Jorge Cramez.

Para António Rodrigues, curador do evento, as duas produções “apontam para o futuro e são filmes sobre memória, pessoal ou alheia, que abarcam o que já foi feito e fazem parte do mesmo património”, lê-se no comunicado da fundação.

Os Anos Gulbenkian ocupam a programação dos dois sábados do ciclo, dias 6 e 13 de Julho. Retratam um “segmento histórico entre 1969, ano da inauguração da sede da Fundação Calouste Gulbenkian e da sua abertura ao público, e 1972”.

Num Portugal ainda muito fechado, durante a ditadura, foi no Serviço de Belas-Artes da Fundação que muitos artistas e cineastas encontraram a oportunidade de criar em liberdade, “como quem olha para o céu, enquanto tem os pés na terra”, diz o curador António Rodrigues, citado pelo comunicado da Gulbenkian.

As duas sessões dos Anos Gulbenkian incluem nove pequenos filmes dos cineastas Paulo Rocha e António-Pedro Vasconcelos, da realizadora, artista e escritora Ana Hatherly e do artista plástico Luís Noronha da Costa, vindos da primeira geração de apoios da Gulbenkian ao cinema português.

No dia 6, com a presença do director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, é apresentada A Pousada das Chagas, de Paulo Rocha, Revolução, de Ana Hatherly, e 27 Minutos com Fernando Lopes Graça, de António-Pedro Vasconcelos, obras que oscilam entre os anos de 1968 e 1975.

No sábado seguinte, são exibidas curtas-metragens do artista plástico Luís Noronha da Costa, numa sessão que conta com a presença do realizador André Dias.

Com uma obra cinematográfica menos conhecida — apenas revelada publicamente pela Cinemateca em 2004, a par da retrospectiva Noronha da Costa Revisitado, no Centro Cultural de Belém — o pintor, escultor, arquitecto é também cineasta, “no sentido metafórico”, por evidentes “relações da sua pintura com o cinema”, mas também “em sentido próprio”, tendo sempre considerado “fundamentais, no seu percurso estético”, os filmes que dirigiu, como a Cinemateca Portuguesa escreveu, numa segunda apresentação destas obras em 2012.

A sessão de 13 de Julho reúne as mais antigas curtas-metragens de Noronha da Costa, que o antigo director da Cinemateca João Bénard da Costa definiu do seguinte modo: As Três Graças, um binómio cinema-pintura, a imagem como espelho ou como espelho da imagem. Casa sobre Casa, uma tentativa “impossível” de colar imagem à imagem do real. Manuela, um filme sobre e com [a actriz] Manuela de Freitas, filmado na Comuna, pouco depois da criação deste grupo teatral. A Menina Maria, uma obra fundamental para a afirmação de Noronha da Costa como cineasta, sendo simultaneamente de experimentação e um divertimento libérrimo, determinante no percurso do artista. (...) Murnau, o fantasma de Murnau na tela, prolongando até ao paroxismo o jogo de duplos e o jogo de espectros”.

Quanto a Padres, que encerra a sessão, trata-se de uma obra de ficção que, de acordo com a revista FilmAffinity, de Espanha, “começa com um plano fabuloso”, sobre dois gatos.

Nos dias 7 e 12 de Julho, o ciclo conta com sessões dedicadas aos Artistas Filmados, documentários realizados com apoio da Fundação, sobre artistas contemporâneos portugueses.

É o caso de Ver o Pensamento a Correr (1995), sobre António Palolo, um filme dirigido por Jorge Silva Melo, a apresentar no dia 7, sexta-feira, que parte de uma exposição do artista no Centro de Arte Moderna.

Na mesma sessão será igualmente exibido Pintura Habitada (2006), um documentário de Joana Ascensão sobre o trabalho de Helena Almeida.

Uma semana depois, em 12 de Julho, serão exibidos Da Natureza das Coisas, uma abordagem à obra de Carlos Nogueira pelo realizador Luís Miguel Correia, e Blind Runner - An Artist Under Surveillance, de Luís Alves de Matos, um documentário entre o género road movie e o thriller, sobre o trabalho de João Louro.

O ciclo A Gulbenkian e o Cinema Português tem entrada gratuita, sujeita a levantamento de bilhetes, e vai na 4.ª edição.

Nas três anteriores abordou os temas Territórios de Passagem, Ensaio e Ficção e A Intimidade e o País: Um desejo de Futuro, com a exibição de 28 filmes de produção portuguesa, dirigidos por cerca de 20 realizadores.

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