Abate de drone pelo Irão foi um “erro enorme”, ameaça Trump

Os Estados Unidos confirmaram que um drone da Marinha americana foi abatido, mas negam que estivesse no espaço aéreo iraniano. Presidente dos EUA faz comentário inflamatório no Twitter.

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O Presidente norte-americano, Donald Trump Carlos Barria/REUTERS

O Irão abateu um grande drone norte-americano perto do estreito de Ormuz, dizendo que tinha entrado no seu espaço aéreo. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou o caso no Twitter, fazendo aumentar a tensão entre os dois países: disse que o regime de Teerão cometeu “um enorme erro”. 

Os Estados Unidos confirmaram esta quinta-feira que um drone de vigilância da Marinha americana foi abatido pelo Irão. Mas um comunicado do Comando Central norte-americano não confirma que o drone de vigilância marítima RQ-4A Global Hawk estivesse já dentro do espaço aéreo iraniano. Diz ainda que foi abatido “por um sistema anti-aéreo de mísseis terra-ar iraniano, quando operava em espaço aéreo internacional, sobre o estreito de Ormuz”. Portanto, Washington considera que a reacção do Irão foi “injustificada”.

Já o Irão, através da Press TV, canal de informação em inglês da televisão estatal nacional, foi o primeiro a informar que o drone “foi abatido pela força aérea”, por alegada violação do espaço aéreo, na província costeira de Hormozgan, no Sul do país. O comandante dos Guardas da Revolução, general Qassem Soleimani, disse que o Irão “não tem qualquer intenção” de entrar em conflito com outra nação do mundo, mas garantiu que o país “está pronto para a guerra”.

“As informações iranianas segundo as quais o engenho aéreo sobrevoava o Irão são falsas. Isto foi um ataque não provocado num veículo de vigilância dos EUA no espaço aéreo internacional”, diz o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Este drone tem cerca de 40 metros de envergadura e um valor de 100 milhões de dólares, diz o Washington Post. Pode voar a altitudes superiores a 16.700 metros para observar grandes extensões, por períodos que podem superar 24 horas - a sua perda não será encarada de ânimo leve pelos EUA. Nenhuma das suas versões costuma ter armas, diz ainda o diário norte-americano.

Este incidente ocorre num contexto de crescente tensão entre o Irão e os Estados Unidos e depois de, na passada quinta-feira, dois petroleiros, um norueguês e um japonês, terem sido alvo de ataques no estreito de Ormuz. O Irão negou qualquer envolvimento nos ataques e sugeriu que podia tratar-se de um golpe dos EUA para justificar o uso da força contra a república islâmica.

O diferendo entre os Estados Unidos e o Irão dura há bastante tempo e a crispação está a aumentar desde que o Presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos, há um ano, do acordo nuclear internacional assinado, em 2015, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China (mais a Alemanha) – e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.

Neste contexto, Joe Biden, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, comentou a “estratégia” de Donald Trump face ao Irão, qualificando-a como “um desastre”. O número dois da administração democrata predecessora, liderada por Barack Obama, considera que o Governo de Trump está a “afastar-se da diplomacia” e a “tornar mais provável um conflito militar”. Na opinião de Biden, o actual Presidente dos EUA “fracassou” em dois “interesses vitais” na região do Médio Oriente: impedir que o Irão adquira armas nucleares e assegurar a estabilidade do fornecimento energético do estreito de Ormuz.

Biden, que já anunciou a candidatura às primárias democratas para as presidenciais de 2020, recordou ainda que Trump “prometeu que o abandono do acordo [nuclear de 2015) e a imposição de sanções parariam a agressividade do Irão, mas não fizeram mais do que torná-lo mais agressivo”.

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