Irão abate drone norte-americano no estreito de Ormuz

A notícia surge num momento de tensão entre os dois países, depois do ataque a dois petroleiros na semana passada, que os EUA atribuem ao Irão.

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Um MQ-4C Triton, o modelo de drone abatido Reuters/HANDOUT

A Guarda Revolucionária do Irão anunciou, esta quinta-feira, ter abatido um avião não-tripulado ("drone") norte-americano, em violação do espaço aéreo no sul do país, no estreito de Ormuz. O ataque foi confirmado pelo exército norte-americano, depois de ter sido, num primeiro momento, negado. 

A força aérea abateu um modelo Global Hawk, da empresa norte-americana Northrop Grumman, um “drone espião que se infiltrou na província costeira de Hormozgán, no sul do país”, avançou a Press TV, o canal de informação em inglês da televisão estatal iraniana. Sem mostrar imagens do aparelho, o mesmo canal de televisão acrescentou que o drone foi abatido sobre a localidade de Tambaseyun-e Kuh Mobarak, “depois de ter violado o espaço aéreo iraniano”.​

De acordo com o mesmo canal, o líder da Guarda Revolucionária iraniana, Qassem Soleimani​, disse que este incidente enviava “uma mensagem clara à América”. Acrescentou, numa declaração à mesma televisão, que o país “não tem qualquer intenção” de entrar em conflito com algum país do mundo mas “está pronto para a guerra”.

A violação das fronteiras da república islâmica do Irão “representa a linha vermelha” do Irão, adiantou o general, citado pela agência de noticias iraniana Tasnim.

O porta-voz no exército norte-americano, Bill Urban, disse, num primeiro momento que “nenhuma aeronave norte-americana operava no espaço aéreo iraniano”, mas, mais tarde, fontes oficiais dos EUA confirmaram à agência Associated Press que um drone MQ-4C Triton​ “foi abatido no espaço aéreo internacional sobre o estreito de Ormuz”. A mesma zona onde, na semana passada, dois petroleiros sofreram um ataque que os EUA atribuem ao Irão e que acicataram as tensões entre os dois países. 

O Governo iraniano negou qualquer envolvimento nos ataques, e sugeriu que podia tratar-se de uma operação montada pelos norte-americanos para justificar o uso da força contra a República Islâmica.

Na segunda-feira, os países-membros da UE mostraram-se prudentes na atribuição de responsabilidades nos ataques no golfo de Omã, recusando-se a alinhar com Washington e Londres, que culparam Teerão, e ainda a Arábia Saudita, rival regional do xiita Irão e aliada dos Estados Unidos.

Vários ministros presentes no Conselho de Negócios Estrangeiros da UE manifestaram apoio à posição defendida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e a Alta Representante para a Política Externa e de Segurança dos 28, Federica Mogherini, admitiu a preocupação do bloco “com o risco de derrapagem”.

Também na segunda-feira, o ministro da Defesa norte-americano, Patrick Shanahan, anunciou que vão ser enviados cerca de mil soldados para o Médio Oriente, sustentando que “os recentes ataques iranianos validam informações viáveis e credíveis sobre o comportamento hostil das forças iranianas e dos grupos que apoiam, o que representa uma ameaça para os cidadãos e os interesses norte-americanos no conjunto da região”.

Em meados de Maio, o Pentágono já tinha enviado para o golfo um porta-aviões, o USS Abraham Lincoln, um navio de guerra, bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis Patriot. No final do mesmo mês, tinha anunciado a transferência para o Médio Oriente de mais 1500 soldados.

O diferendo entre os Estados Unidos e o Irão é longo e a crispação está a aumentar desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou, há um ano, o país do acordo nuclear internacional de 2015, assinado entre os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – mais a Alemanha) e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.

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