Jerónimo acusa PSD e CDS de serem “tu cá, tu lá” com a extrema-direita xenófoba

Líder do PCP fez o mais feroz ataque à direita desde o início da campanha e acusou o PS de “fechar os olhos” e ser conivente com “a política que alimenta os regimes autoritários”. João Ferreira levantou a bandeira da renegociação da dívida no final da primeira semana - já só falta a saída do euro.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A uma semana das eleições, a CDU sobe de tom no dedo apontado à direita. Melhor: não a CDU, mas Jerónimo de Sousa, que fez neste domingo um violento ataque à ideologia de PSD e CDS, acusando-os de se apresentarem como os “salvadores da Europa da ameaça da extrema-direita-xenófoba”, mas serem “tu cá, tu lá” com esses partidos e líderes.

Não lhe faltaram exemplos: “Seja o PSD do Rangel com os seus amigos no poder na Hungria e na Polónia, que em tempo de eleições renega. Ou os amigos do CDS de Cristas e os tão elogiados por Melo, os protofascistas do partido Vox admiradores de Franco.” E ao PS ficou também a farpa: “Enquanto isso, outros vão fechando os olhos na conivência com a política que alimentou e alimenta esses regimes autoritários.”

Com esta “competição pelo posto de guardião da fortaleza” europeia, o que PS, PSD e CDS querem é, nas palavras de Jerónimo de Sousa, colocar os portugueses “perante um falso dilema, uma armadilha: ou eles com a sua UE neo-liberal federalista e militarista, ou a inevitabilidade da extrema-direita”. E é uma armadilha porquê? Porque, avisa o líder do PCP, “os defensores da política neo-liberal da UE não são opositores da extrema-direita xenófoba. São o inverso: alimentam-na.”

O líder comunista estendeu esta convergência dos três partidos a tudo o que é “estruturante” na União Europeia. “Por isso os vemos, nesta campanha, não a discutir o que interessa, mas na troca de piropos, a esgrimir as suas secundaríssimas diferenças com que alimentam os dias de campanha. Porque naquilo que conta para determinar o rumo do país já se puseram de acordo e ajoelharam perante o directório de grandes potências.”

Renegociação da dívida entra na campanha

O comício na Sociedade Euterpe Alhandrense, espaço de reunião para as lutas dos trabalhadores antes do 25 de Abril, trouxe também novidades no discurso de João Ferreira. Se a questão da saída do euro continua sem aparecer de forma claríssima nos discursos de Ferreira, o candidato foi buscar o tema da renegociação da dívida pela primeira vez nestes oito dias de campanha eleitoral oficial e deixou ali perdida no meio da frase a moeda única.

“Portugal precisa de encarar a renegociação da dívida pública nos seus juros, prazos e montantes”, fixando encargos com os juros “compatíveis com o crescimento e desenvolvimento” do país. Medida que “pode e deve estar articulada com a libertação do euro e a recuperação do controlo público sobre sectores como a banca”, acrescentou.

Lembrou os mais de cem milhões de euros de juros pagos por Portugal, recusou os “se, se, se, se” das condições que é preciso enfrentar para reduzir a dívida e a ideia de “manter o país amarrado” aos limites do défice em vez de canalizar o dinheiro para o investimento – aceitá-los é “aceitar que não saímos da cepa torta”.

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