Uma semana de campanha e João Ferreira ainda não falou sobre a saída do euro

Caravana de CDU está neste sábado nos concelhos da margem sul do Tejo.

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LUSA/NUNO VEIGA

Durante uma arruada na zona histórica de Alcochete, o candidato da CDU voltou a criticar os adversários por não assumirem claramente perante o eleitorado as suas posições sobre “questões decisivas” para o futuro de Portugal, como os fundos de coesão ou a política agrícola comum e se deterem apenas em “questões laterais e acessórias” para fugirem a compromissos sobre o que farão em Bruxelas.

Porém, não soube explicar por que razão ainda não trouxe para a campanha eleitoral, pelo menos nesta semana que passou, a questão da saída do euro, que tem sido uma das bandeiras estruturantes do PCP e da CDU. Garantiu que o assunto foi abordado nos debates televisivos em que participou, mas não respondeu se não o fez na campanha de rua por as pessoas não estarem preparadas para ouvir uma posição tão radical.

A questão da saída do euro tomou lugar no programa eleitoral do PCP pela primeira vez nas legislativas de 2015, com o partido a defender ser preciso que o país faça o estudo do processo de preparação para a saída do euro, que deveria ser sujeita a consulta pública. Desde então, o partido chegou a apresentar resoluções na Assembleia da República sobre o assunto, mas foram chumbadas.

Respondendo aos jornalistas, João Ferreira nunca usou o termo “saída do euro”, preferindo responder com a argumentação em torno das consequências gravosas para Portugal decorrentes da adesão à moeda única, há 20 anos.

“Temos dito que não há discussão séria sobre o futuro do país que possa ignorar a questão do euro, que possa ignorar que nos últimos anos fomos um dos países que menos cresceram no mundo, que tivemos salários praticamente estagnados ao longo deste período, que nos tornamos num dos países mais endividados do mundo, com uma dívida que explodiu desde a adesão à moeda única; que vimos recuar a nossa produção agrícola e industrial de forma muito acentuada, que nos tornámos mais dependentes e subordinados do ponto de vista político.”

“Quem quiser para os próximos anos o que tivemos nos últimos 20, que o assuma. Nós assumimos que não queremos.”

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