Ameaças de Trump deixam acordo comercial com a China num impasse

Donald Trump ameçou, no domingo, aumentar as tarifas aplicadas a um novo conjunto de produtos chineses importados para os Estados Unidos. China equaciona adiar viagem a Washington prevista para esta semana. Impasse provoca queda das bolsas.

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Bolsas na China fecharam com fortes perdas depois dos mais recentes tweets de Donald Trump. LUSA/ROMAN PILIPEY

Na recta final das negociações, crescem os receios de que o acordo comercial entre a China e os Estados Unidos​ sofra um novo impasse. A China está a avaliar a resposta a dar às declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que no domingo ameaçou aplicar tarifas mais pesadas sobre os produtos chineses já a partir de sexta-feira, numa tentativa de pressionar a fase final das negociações entre as duas potências que estavam agendadas para quarta-feira desta semana.

A escalada de tensão entre os Estados Unidos e a China já está a ter consequências nos mercados. As bolsas europeias iniciaram a sessão desta segunda-feira a recuar. Na Alemanha, o índice bolsista Dax estava a cair 2,08% a meio da manhã, enquanto na bolsa de Paris, o principal índice recuava 2,17% e, em Portugal, o principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, caía 1,38%. Os preços do petróleo também estão em mínimos e na China os mercados fecharam a cair 5,5%.

No domingo à noite, Donald Trump fez uma série de publicações no Twitter ameaçando aumentar de 10% para 25% as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares (178,4 mil milhões de euros) em produtos chineses importados pelos Estados Unidos. O presidente norte-americano alega que as negociações para o acordo comercial estão a decorrer de forma demasiado lenta, responsabilizando a China que, diz, está a tentar “renegociar” os pontos em cima da mesa.

Os tweets de Trump marcam uma viragem no tom optimista em torno do processo negocial e poderão estar na origem do adiamento da deslocação do vice-primeiro-ministro da China, Liu He, e de uma equipa de negociadores a Washington para finalizar o acordo.

De acordo com a Bloomberg, um porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês assegurou que a China continuava a preparar-se para viajar para os Estados Unidos, mas não respondeu às questões relacionadas com a data da viagem ou se a delegação seria liderada pelo vice-primeiro-ministro.

“Estamos a tentar obter mais informações sobre a situação”, afirmou o porta-voz num encontro com jornalistas. “O que posso dizer é que a equipa chinesa está a preparar-se para viajar para os Estados Unidos para as negociações comerciais”, acrescentou.

Nas negociações entre a China e os Estados Unidos há várias questões em aberto. As mais difíceis de resolver têm a ver com os mecanismos de fiscalização do futuro acordo e com as regras a aplicar na condução da política cambial e na protecção da propriedade intelectual. Por outro lado, os Estados Unidos consideram que a política de Pequim para o sector tecnológico viola os compromissos da China em abrir o seu mercado.

As negociações decorrem desde que, em Dezembro de 2018, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas, que foi entretanto prolongado, visando chegar a um acordo.

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