Nuno Melo comparou Vox à Aliança. “Desnecessário”, reage partido

O cabeça-de-lista do CDS-PP às europeias disse que “o Vox estará para o Partido Popular [espanhol] como a Aliança está para o PSD”. E rejeitou que o partido de Santiago Abascal seja de extrema-direita.

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Paulo Sande vê sinais preocupantes no Vox Miguel Manso

O cabeça-de-lista do partido Aliança às eleições europeias, Paulo Sande, afirma que a comparação de Nuno Melo (CDS-PP) entre o Vox e Aliança era “desnecessária”.

Em causa estão as declarações proferidas em entrevista à agência Lusa na qual o cabeça-de-lista do CDS afirma que “o Vox estará para o Partido Popular [espanhol] como a Aliança está para o PSD”. Para Nuno Melo, a recém-formada Aliança, do ex-líder social-democrata Pedro Santana Lopes, é “uma dissidência” do PSD, tal como o Vox é do PP espanhol. 

Nuno Melo considerou ainda que o Vox não é de extrema-direita e admitiu que o partido espanhol venha a integrar o Partido Popular Europeu, a família política europeia do CDS e PSD.

Contactado pelo PÚBLICO, Paulo Sande afirma que percebe que exista uma inquietação em relação à Aliança por parte do CDS, que disputa o eleitorado de direita, mas considera que Nuno Melo está a fazer uma “confusão ideológica”.

“Acho que o doutor Nuno Melo desenvolveu uma alergia ao Aliança, que já dura há algum tempo, e expressa a sua preocupação de uma forma errada. E que não é verdade”, refere Sande.

Aliança vê perigo no Vox

Para Nuno Melo, o Vox, liderado pelo antigo militante do PP Santiago Abascal,​ é erradamente “catalogado de extrema-direita”. Quem assim o afirma, diz o eurodeputado, devia “conhecer o programa do Vox” e “ler o programa do Vox”.

“Não tenho nada que opinar se é de extrema-direita ou não, não é um problema meu, é sobretudo dos espanhóis”, diz, por seu lado, Paulo Sande. Afirma, porém, que tem estado atento ao programa e aos comícios do partido espanhol. E vê motivos para preocupação: “Há sinais óbvios e preocupantes de argumentos e ideias no programa eleitoral deles que são perigosos e contra os quais devemos estar, como o fecho das fronteiras e os nacionalismos extremos. Acabam por recuperar um bocadinho do que é o pior do passado dos países.”

O cabeça-de-lista da Aliança garante que estas ideias são uma preocupação não só sua, mas também do partido, “porque em Portugal também começam a surgir sinais de derivas nesse sentido”.

Paulo Sande gostaria de conhecer o ponto de vista da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, sobre esta posição de Nuno Melo. O PÚBLICO está, deste este domingo de manhã, a tentar obter uma reacção do CDS-PP – sem sucesso até ao momento.

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