Quedas de aviões Max reduziram lucros da Boeing em 13% em 2019

A fabricante de aviões norte-americana divulgou os resultados do relatório de contas trimestral deste ano. As perspectivas permanecem negativas.

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EPA/JUSTIN LANE

A Boeing anunciou esta quarta-feira que os lucros da empresa caíram 13% nos primeiros três meses de 2019, em relação ao período homólogo do ano passado. No relatório de contas trimestral divulgado esta quarta-feira, a construtora norte-americana registou ganhos na ordem dos 1,98 mil milhões de dólares (1,77 mil milhões de euros) enquanto entre Janeiro e Março de 2018 teve lucros operacionais de 2,51 mil milhões de dólares (2,24 mil milhões de euros).

Em comunicado, citado pela agência EFE, a empresa explicou que estes resultados foram influenciados pelas proibições impostas aos aviões 737 Max 8 e 9, que estiveram envolvidos nos acidentes na Indonésia (Outubro de 2018) e na Etiópia (Março de 2019). A incerteza sobre o futuro da Boeing vai aumentando e a empresa já desistiu oficialmente de traçar quaisquer metas financeiras para este ano, bem como suspendeu o programa de recompra de acções em bolsa.

Esta crise gerou prejuízos iniciais de mil milhões de dólares (896 milhões de euros), porque vários clientes da Boeing cancelaram os pedidos de produção de modelos 737. A empresa tinha previsto produzir 52 aviões por mês, mas viu esse número cair para 42. O plano para este ano era entregar 900 aviões, 500 deles da gama Max. A Southwest Airlines esperava juntar 31 novos Max este ano aos 34 que já voam. A American Airlines queria ter mais 16 modelos, para além dos 24 que já operam. Agora, a Boeing apenas vai “assistir” as transportadoras, diz o El País.

A Boeing disse que está a trabalhar para obter “uma certificação final para uma actualização de software para o 737 Max, com mais de 135 voos de teste”. A companhia vincou ainda que continua a trabalhar com os reguladores internacionais e com as suas companhias associadas para “provar exaustivamente” a actualização de software das suas aeronaves.

Relatórios preliminares da investigação à queda dos dois aviões, na Indonésia e na Etiópia, consideram como causa inicial uma falha no sistema de estabilização automática da aeronave, devido a uma má leitura do sensor que mede o ângulo de inclinação na descolagem. A Boeing confirmou que de facto existiam problemas nesse componente dos seus aviões 737 Max.

“Estamos concentrados na segurança e em devolver o 737 Max ao serviço, [bem como] em voltar a ganhar a confiança dos clientes, dos reguladores e do público”, afirmou, citado no mesmo documento, o presidente da Boeing, Dennis Muilenbur.

Na segunda-feira, o jornal New York Times publicou uma reportagem onde denuncia algum descuido da Boeing na produção dos aviões — neste artigo em concreto, do modelo 787 Dreamliner. O texto refere que a Boeing pressiona os seus funcionários para trabalhar mais depressa, descurando a qualidade. Nesta investigação, o jornal apresenta queixas dos trabalhadores da Boeing, mas também de organismos reguladores norte-americanos sobre questões de segurança na empresa.

No dia 10 de Março, um Boeing 737-8 Max, da Ethiopian Airlines, despenhou-se pouco depois de descolar de Adis-Abeba, Etiópia. Nenhuma das 157 pessoas que estavam a bordo sobreviveu.

Este acidente ocorreu cerca de cinco meses depois de um outro Boeing 737 MAX da companhia Lion Air ter caído na Indonésia cerca de 12 minutos após a descolagem e por causa de falhas técnicas, de acordo com os dados recolhidos de uma das caixas negras do aparelho.

A agência federal de aviação norte-americana (FAA, na sigla em inglês) proibiu os voos com aparelhos Boeing 737 MAX após os dois acidentes trágicos da Lion Air e da Ethiopian Airlines. com Lusa

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