Parlamento britânico aprova pedido de adiamento de prazo do “Brexit” por um voto

Iniciativa bipartidária de emergência tenta evitar saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo na próxima semana.

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A Câmara dos Comuns votou e o serviço de imprensa fez uma rara divulgação de imagens DR

As horas de suspense e votações no Parlamento britânico de propostas sobre o “Brexit” têm resultado muitas vezes em rejeições, mas ontem, por um voto, houve uma proposta aprovada: um pedido de adiamento para aumentar o prazo de aplicação do artigo 50º do Tratado Europeu, adiando assim a saída do Reino Unido da União Europeia.

Com o dia 12 e Abril neste momento como data de saída em cima da mesa, esta proposta foi o modo dos deputados, que já tinham rejeitado uma saída sem acordo, encontrarem um meio de a concretizar, já que não basta rejeitarem a saída de acordo para a evitar: esta acontecerá automaticamente na próxima semana a não ser que haja uma alternativa aprovada.

A iniciativa foi liderada pela trabalhista Yvette Cooper e pelo conservador Oliver Letwin, e para ser lei tem ainda de ser aprovada na Câmara dos Lordes. Foi aprovada pela menor das maiorias: 313 votos a favor e 312 contra.
Segundo a proposta, caberia a Londres decidir o prazo do adiamento a pedir a Bruxelas - é prerrogativa da União Europeia aprovar ou não a extensão. A ideia seria que Theresa May propusesse então o prazo de adiamento novamente à Câmara dos Comuns.

Responsáveis europeus já têm dito e repetido que estão disponíveis para acordar a extensão, mas que só aprovarão uma extensão longa e não novamente uma curta como fizeram agora para dar oportunidade à primeira-ministra, Theresa May, para fazer aprovar o acordo de saída que negociou com Bruxelas. Este já foi três vezes a votos na Câmara dos Comuns, e foi três vezes chumbado. 

A votação aconteceu também no mesmo dia em que May se reuniu com o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, para tentar chegar a um entendimento sobre como seguir, deixando furiosa a ala eurocéptica do seu partido.

Estes estavam também desagradados com a corrida de velocidade feita por esta lei na Câmara dos Comuns: conseguiu passar todos os procedimentos, que normalmente demoram meses, em apenas algumas horas, para chegar a votação. 

O Governo tentou fazer aprovar limites à lei e neste processo sofreu o que a BBC classifica como a segunda maior derrota do Governo na época moderna: uma rejeição com 180 votos contra.

May e Corbyn continuam hoje as suas conversações. O objectivo da primeira-ministra é poder levar algo a votação a 10 de Abril - eventualmente de novo o seu acordo entre várias opções - para depois pedir de novo uma curta extensão apenas para a parte da legislação necessária para a saída. 

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