Em Abril, Lisboa é uma festa - de memória e liberdade

Os 45 anos do 25 de Abril ocupam grande parte da programação do “Abril em Lisboa”. Museu do Aljube volta a pedir memórias e objectos da Revolução.

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Miguel Manso

Em 2019 comemoram-se 45 anos do 25 de Abril de 1974 e a programação “Abril em Lisboa”, que a EGEAC desenvolve há vários anos, não vai passar ao lado do acontecimento. Dá-lhe, até, grande destaque, incluindo no cardápio um concerto de Fausto, uma exposição de fotografias da Revolução por Alfredo Cunha, um memorial aos presos e perseguidos políticos e ainda um ciclo de conversas sobre direitos LGBTI, entre outros.

Como vem sendo hábito em anos anteriores, o Dia da Liberdade será festejado de forma particular no Museu do Aljube, que comemora quatro anos de existência. Haverá concertos, declamação de poesia e visitas encenadas, mas o ponto alto é a iniciativa “Dias da Memória”, que se repete desde a inauguração, em parceria com o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. “Convidamos a população a vir partilhar as suas memórias e os seus objectos”, explica Luís Farinha, director do museu, comentando que esta é uma actividade sempre muito procurada.

Mesmo tratando-se de um equipamento cultural que mostra “coisas bastantes escuras, incómodas e traumáticas”, nas palavras de Luís Farinha, o Aljube teve 30 mil visitantes no ano passado, grande parte deles com visita orientada, o que para o director é um sinal do interesse que os temas ali abordados despertam no público.

Neste momento está patente uma exposição sobre o Tarrafal, outra sobre o escritor Soeiro Pereira Gomes. A meio do mês inaugura uma temporária com fotografias de Manuel Brito sobre a campanha de dinamização cultural do MFA na Guarda e Norte Noroeste. Uns dias depois, a 23, há um peddy-paper para os mais novos “Pelos caminhos da memória de Abril” e, no dia seguinte, Isabel do Carmo dá um testemunho no auditório do museu, que será gravado e integrado no arquivo.

Está ainda previsto o lançamento de dois livros, a 9 e 16 de Abril, e uma visita conjunta ao Museu do Aljube e ao Teatro Romano, dois equipamentos geridos pela EGEAC e separados por meia dúzia de metros. Para Maio está agendada a inauguração de “Prison Project”, um trabalho sobre “a vivência e ambiência das prisões portuguesas”, diz Luís Farinha.

Na restante programação do “Abril em Lisboa”, que foi esta quarta-feira apresentado nos Paços do Concelho (edifício que vai estar aberto a visitas no dia 25), encontram-se ainda, por exemplo, cinco concertos em vários locais públicos da cidade, nos quais os lisboetas são convidados a ser maestros de uma orquestra. A Praça do Comércio recebe, entre 24 de Abril e 1 de Maio, mais um espectáculo de vídeo-mapping, subordinado ao tema “Memórias de Abril”. E, durante três dias, volta ao Cinema São Jorge o Festival Política, com cinema, workshops e conversas.

Todo o programa está disponível em https://www.culturanarua.pt/programacao/

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