Palcos da semana

Arte politicamente engajada, versões de obras-primas teatrais, música oscarizada e tempo de saborear Manga.

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Juliana Huxtable Michael Bailey Gates

Performance
Activismo sonoro 

Uma performance musical para explorar "a experiência de um sujeito que se dissolve na sua carne através do medo, da alegria ou da excitação". O convite vem de Juliana Huxtable. Nascida no Texas, em 1987, mudou-se para Nova Iorque e ali tem estado a ganhar o estatuto de figura de relevo da cena artística norte-americana enquanto performer, artista multimédia, escritora, DJ, fundadora das festas Shock Value, ícone trans e activista LGBT. As questões da identidade de género são matéria de eleição e percorrem todo o seu corpo de trabalho. Depois de ter sido recebida por museus como o MoMA ou o Guggenheim de Nova Iorque, chega a Serralves com Triptych. Desenvolve-se em três partes, envolve electrónica, voz, harpa, bateria e vídeo, e é feita de fragmentos sonoros produzidos por Huxtable com o compositor e multi-instrumentista Joe Heffernan e a harpista Ahya Simone.

 

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Os Pensamentos São Livres, Susan Hiller (2012) RicardoLopes

Arte
Jukebox política

Um mês e um dia após a morte de Susan Hiller, Serralves inaugura uma exposição consagrada à artista norte-americana que ficou conhecida pelas grandes instalações, por recorrer a uma multiplicidade de suportes e também por explorar de temas pouco usuais, como o sobrenatural ou o paranormal. O museu portuense, que já em 2005 lhe tinha dedicado uma monográfica, exibe uma obra que adicionou recentemente à sua colecção: a instalação interactiva Os Pensamentos São Livres (título original: Die Gedanken sind frei). Datada de 2012 (ano em que foi apresentada pela primeira vez, na Documenta de Kassel, Alemanha), reúne numa jukebox uma centena de canções de protesto recolhidas por Hiller, que tanto podem fazer eco da revolta do gueto de Varsóvia 1943, como dos movimentos sufragistas ou da Primavera Árabe. O público é convidado a escolher e, em bancos desenhados pela artista, ficar a ouvir – e a ler as letras políticas espalhadas pelas paredes.

 

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Mayra Andrade Daniel Rocha

Música
Afirmação na Manga

Navega apontou-a, em 2006, como a sucessora mais-que-provável de Cesária Évora. Os discos seguintes foram apurando uma voz própria, sempre ancorada nas raízes cabo-verdianas, mas reinterpretada por uma geografia musical e pessoal a enveredar por outras paragens. Manga, o novo disco de Mayra Andrade e o primeiro em seis anos, é a maturação dessa identidade. Cantado em português e crioulo, tem tanto de morna como de afrobeat, pop, electrónica, pulsar urbano. Mayra compôs a maior parte das canções. Noutras, teve cúmplices como Luísa Sobral, João Gomes, Sara Tavares ou Cachupa Psicadélica. Lisboa escuta-a antes de se lançar numa manga de concertos entre Europa e África.

 

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Um Outro Fim para a Menina Júlia Filipe Ferreira

Teatro
Futuro de Júlia, clássico de Garrett

Um desfecho alternativo para a Menina Júlia de August Strindberg e uma versão de um clássico de Almeida Garrett estreiam-se no mesmo dia, no D. Maria II. O primeiro vai ao palco da Sala Estúdio, onde o encenador Tiago Rodrigues se apropria da obra do dramaturgo sueco, de 1888, para desobedecer a um desfecho que sugere o suicídio da personagem principal. Com os actores Helena Caldeira, Inês Dias, Lúcia Maria, Manuel Coelho, Paula Mora e Vicente Wallenstein, ensaia-lhe um futuro diferente, projectado 30 anos depois da derradeira didascália em que ela sai de cena em passo firme. Já na Sala Garrett, Miguel Loureiro encara a encenação de Frei Luís de Sousa, de 1843, como "um desafio formal de aceder ao que de informal tem o teatro: o acidente, a paixão, o impulso, a contingência lírica… tudo formatado no excesso romântico". Álvaro Correia, Ângelo Torres, Carolina Amaral, Gustavo Salvador Rebelo, João Grosso, Maria Duarte, Rita Rocha, Sílvio Vieira, Tónan Quito dão vida às personagens. André Guedes trata da cenografia; José António Tenente, dos figurinos.

 

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Assim Nasce Uma Estrela

Música
Bandas sonoras douradas

Na semana em que todos os olhares cinéfilos se focaram nos Óscares, a Lisbon Film Orchestra sugere estender por mais uns dias a magia do cinema e dos prémios, com música. No espectáculo And the Oscar Goes to, lança-se à recordação das bandas sonoras de 13 filmes que receberam estatuetas douradas entre 1952 e 2018, como Um Americano em Paris, Amor sem Barreiras, Moulin Rouge! ou Frozen: O Reino do Gelo. Sob a direcção de Nuno Sá e acompanhada por cantores convidados, a orquestra toca ainda, como bónus, uma das candidatas ao Óscar de Melhor Canção Original em 2019: Shallow, de Assim Nasce Uma Estrela.

 

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