Responsável pela investigação à interferência russa abandona cargo nas próximas semanas

Rod Rosenstein, o "número dois" do Departamento de Justiça e que supervisiona a investigação às suspeitas de interferência russa nas eleições, vai ser substituído por William Barr, escolhido e favorável a Trump.

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Rod Rosenstein tem sido frequentemente criticado por Trump Reuters/LEAH MILLIS

O vice-procurador-geral dos EUA, Rod Rosenstein, responsável pela investigação à suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais, prepara-se para abandonar o Departamento de Justiça nas próximas semanas, numa altura em que o nomeado pelo Presidente Donald Trump vai assumir o dossier, disse à Reuters um responsável governamental.

Rosenstein tem supervisionado as investigações às suspeitas de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e possíveis ligações à campanha de Trump depois de o então procurador-geral Jeff Sessions, um apoiante de Trump durante a campanha, ter recusado ficar à frente do inquérito.

William Barr, o escolhido por Trump para substituir Sessions, demitido pouco depois das eleições para o Congresso em Novembro, deverá comparecer para a sessão de confirmação junto do Comité Judiciário do Senado na próxima semana. Este comité tem de viabilizar a nomeação antes do voto no Senado.

O responsável, que pediu para permanecer anónimo uma vez que o anúncio ainda não foi tornado público, disse não haver qualquer plano específico para a saída de Rosenstein e que ele pretende sair pouco tempo depois da confirmação de Barr.

Caso seja confirmado, Barr, que foi procurador-geral entre 1991 e 1993 durante a presidência de George Bush, irá supervisionar a investigação liderada pelo procurador-especial Robert Mueller, que também é republicano e foi escolhido por Rosenstein.

Nomeação controversa

A nomeação de Barr deverá enfrentar um forte escrutínio à luz da investigação, particularmente da parte dos democratas, depois de se saber que ele é autor de um memorando em Junho que põe em causa o inquérito. Rosenstein afirmou que o documento não teve impacto no trabalho do departamento.

Rosenstein irá permanecer no cargo para assegurar uma transição tranquila com Barr, disse a mesma fonte, acrescentando que ele encarou o seu trabalho como vice-procurador como uma missão de dois anos e não se sente forçado a sair.

Confrontada com a saída de Rosenstein, noticiada pela ABC News, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse não ter falado com Rosenstein e que iria deixar qualquer anúncio de saídas para o próprio ou para o Presidente. “Não creio que exista a vontade nem do Presidente nem da Casa Branca de o forçar a sair”, disse Sanders à Fox News.

Rosenstein permaneceu no cargo como “número dois” do procurador-geral interino, o general Matt Whitaker, cuja nomeação controversa deu origem a vários processos judiciais e levantou dúvidas quanto ao papel que iria ter em relação à investigação.

Rosenstein tem sido criticado frequentemente por Trump, que diz que a investigação russa é uma “caça às bruxas” e nega qualquer conluio com Moscovo. A Rússia também nega qualquer interferência nas eleições.

As agências de serviços secretos concluíram que a Rússia tentou promover o voto em Trump nas eleições presidenciais contra a democrata Hillary Clinton.

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