Reclusos causam distúrbios em prisão de Bragança por causa do tabaco

Presos recusaram-se nesta sexta-feira a regressar às celas após o almoço e incendiaram caixotes do lixo e colchões.

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PAULO PIMENTA / PUBLICO

Os reclusos da ala principal do Estabelecimento Prisional de Izeda, em Bragança, recusaram-se nesta sexta-feira a regressar às celas após o almoço e incendiaram caixotes do lixo e colchões, disse à Lusa fonte do corpo da guarda prisional. A alegada falta de tabaco para venda na cantina prisional estará na origem dos distúrbios.

Os reclusos chegaram a incendiar caixotes do lixo e colchões e a situação foi controlada ao início da tarde, segundo a mesma fonte. Nessa altura, os reclusos tinham regressado às celas, depois de se terem recusado a fazê-lo após o almoço.

Segundo a mesma fonte, os presos queriam comprar tabaco na cantina do estabelecimento prisional, mas a quantidade autorizada para esta semana já está esgotada. Uma informação confirmada por Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, ao PÚBLICO. "Os reclusos dizem não ter tabaco para o fim-de-semana. Daí o protesto", explica.

Os incidentes ocorrem numa altura que o corpo da guarda prisional está em greve para exigir a revisão do estatuto, actualização da tabela remuneratória, criação de novas categorias, um novo subsídio de turno, alteração dos horários de trabalho e novas admissões. A alegada falta de tabaco poderá ter origem nesta paralisação: o bar onde os reclusos se abastecem encontra-se fechado a maior parte do tempo por causa da greve, refere Jorge Alves. "Não devem ter comprado tabaco suficiente da última vez que o bar abriu, ou então já o gastaram todo."

Os guardas prisionais que se encontram de folga foram chamados para a eventualidade de os presos não se deixarem fechar nas celas esta noite. Segundo o mesmo dirigente sindical, há duas semanas já se tinha registado um protesto idêntico na cadeia de Izeda.

Em resposta enviada à Lusa, a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) nega "em absoluto que se tenha verificado quaisquer incidentes no Estabelecimento Prisional de Izeda". A DGRSP diz que os reclusos regressaram às celas, após o almoço, "sem qualquer tipo de problemas" e que não houve recurso à força ou à utilização de meios coercivos.

"A única ocorrência anómala, verificada até ao presente momento no Estabelecimento Prisional de Izeda foi a de alguns papéis que foram queimados dentro de um caixote do lixo, situação imediatamente sanada", acrescenta a DGRSP.

Ao PÚBLICO, o director-geral dos Serviços Prisionais, Celso Manata, desvaloriza igualmente os distúrbios, garantindo que a situação nunca saiu da normalidade e que os reclusos se limitaram a queimar "uns papéis nos caixotes de lixo."

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