Estivadores de Setúbal em plenário hoje à espera de acordo

Trabalhadores parados há 35 dias querem acreditar que acordo referido pela ministra “não seja uma ilusão”.

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LUSA/RUI MINDERICO

Os estivadores de Setúbal reúnem hoje em plenário com a expectativa de que o acordo referido pela ministra da Mar “não seja uma ilusão”, disse ao PÚBLICO Carla Rodrigues, trabalhadora eventual há nove anos.

O plenário, convocado pelo Sindicato dos Estivadores e Actividades Logísticas (SEAL), está marcado para as 17 horas desta segunda-feira, na Rua Trabalhadores do Mar, frente às instalações do sindicato em Setúbal e vai reunir trabalhadores das duas empresas de trabalho portuário do Porto de Setúbal a Operestiva e a Setulset.

“Esperamos que as declarações da ministra sejam verdade, que possa haver acordo, porque se o diz com toda a convicção, na rádio e na televisão, é mau que não seja assim”, afirma Carla Rodrigues. “Deus queira que seja verdade, porque se for ao contrário, não sei que consequência haverá”, acrescenta a trabalhadoras.

Os estivadores de Setúbal estão em luta há 35 dias, recusando o trabalho ao dia, desde dia 05 de Novembro.

O protesto começou por paralisar dois terminais operados por trabalhadores da Operestiva, uma das duas empresas de trabalho temporário. Desde essa altura, o terminal Ro-Ro, concessionado à Navipor – usado pela Auroeuropa -, apenas operou um navio com recurso ao uso da força da PSP,  e o terminal de contentores, concessionado à Sadiporto-Yilport, não movimentou qualquer navio.

Os restantes dois terminais do Porto de Setúbal ainda funcionaram durante os primeiros dias de protesto, por serem operados por outra empresa de trabalho portuário – a Setulset – mas, após a chegada a Setúbal do navio-fantasma que furou o bloqueio, os estivadores desta segunda empresa juntaram-se ao protesto, em solidariedade.

O porto tem estado desde então completamente paralisado.

No final do mês passado, o SEAL e as empresas de trabalho portuário de Setúbal chegaram a acordo, para a integração de 56 trabalhadores precários nos quadros de efectivos, mas o conflito permaneceu por faltar entendimento sobre a greve ao trabalho extraordinário que o sindicado tem em vigor.

No final da ronda de negociações que decorreu no Ministério do Mar, em Oeiras, a Operestiva anuncio o falhanço culpando o SEAL por não aceitar suspender a greve, afirmando que essa luta já nada tem a ver com o Porto de Setúbal.

O SEAL reconhece que a greve ao trabalho extraordinário é um protesto contra o que diz ser a perseguição a filiados seus nos portos de Leixões e Caniçal (Madeira). 

António Mariano, presidente do SEAL, ainda propôs suspender essa greve com a condição do problema nesses portos ser resolvido no prazo de 15 dias.

Foi este aspecto que impediu o acordo feito entre as parte para o Porto de Setúbal.

Estivadores promovem arraial

Os estivadores precários do Porto de Setúbal estão a organizar um arraial popular para angariação de fundos. O evento, marcado para a próxima sexta-feira, dia 14, na Anunciada, em Setúbal, servirá para sensibilizar a população da cidade e angariar receitas que possam auxiliar os trabalhadores que estão sem rendimentos há 34 dias.

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