OPEP espera pela Rússia para definir cortes na produção

Encontro de hoje em Viena deve aguardar pela posição de Moscovo, que deverá ser conhecida amanhã. Analistas já antecipam um corte na produção, mas abaixo do previsto.

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Delegados estão juntos em Viena esta quinta-feira EPA/CHRISTIAN BRUNA

Os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) querem voltar a cortar a produção, e com isso tentar subir os preços no mercado internacional, mas a decisão final só deverá ser tomada amanhã depois de ser conhecida a posição da Rússia (que não pertence à OPEP).

Esta quinta-feira, antes da reunião da OPEP que decorre em Viena, cinco delegados afirmaram à Reuters que estavam à espera de novidades do ministro da energia russo, Alexander Novak, que chegará amanhã à capital austríaca. E só com a participação russa é que a estratégia de concertação dos países produtores terá algum impacto. “Estou optimista. Vai haver um entendimento, mas ainda falta perceber qual a será a contribuição da OPEP e [dos países] não pertencentes à OPEP”, afirmou um outro delegado, citado pela Reuters.

A estimativa inicial apontava para um corte de 1 a 1,3 milhões de barris por dia (sendo este último valor equivalente a cerca de 1,3% da produção total), a vigorar entre Janeiro e Junho do ano que vem. Nos últimos dois meses, o preço do barril do petróleo (Brent) desceu 27%, posicionando-se na casa dos 60 dólares devido a uma conjugação de factores ligada à procura e à oferta.

Esta quinta-feira, a tendência era de descida nos mercados (-4%, baixando para os 59 dólares), depois de o ministro da energia saudita ter dito, à entrada do encontro, que o corte tinha de ser “suficiente” mas “não demasiado profundo”, e que 1 milhão de barris seria “adequado”. Isso levou, conforme notou o Financial Times, analistas a considerarem que haverá um corte na produção, mas abaixo das expectativas (e com menos eficácia no resultado final).

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A posição da Arábia Saudita pode ter a ver com a pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, que já veio alertar que “o mundo não quer, nem precisa, de preços de petróleo mais altos”, e disse esperar que não haja um corte na produção. O aviso do presidente norte-americano visa directamente Riad, decisor da estratégia da OPEP, numa altura em que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi ainda provoca ondas de choque, com a possibilidade de sanções.

A actual conjuntura de descida do preço do petróleo tem sido justificada, por um lado, com o arrefecimento do crescimento da economia a nível mundial e, por outro, conforme destaca a Reuters, com o aumento da produção que se registou a partir de Junho. Nessa altura, Arábia Saudita, Rússia e Emirados Árabes Unidos começaram a colocar mais crude no mercado após Trump ter reclamado a subida da produção para compensar uma quebra das exportações iranianas (sujeitas a novos embargos por parte dos EUA, um maiores produtores de petróleo).

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