Mais de cem pessoas contra “difamação pública” do Conservatório do Porto

Associação de estudantes lançou abaixo-assinado esta segunda-feira que já reuniu mais de 300 assinaturas.

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Associação de Estudantes lançou um abaixo-assinado que reuniu mais de 300 nomes Paulo Pimenta
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“Estamos aqui pelo amor incondicional que temos a esta escola”, resume Miguel Almeida. É aluno do 11.º ano do Conservatório de Música do Porto (CMP) e foi um dos mais de cem estudantes, ex-alunos e respectivos pais que estiveram reunidos esta segunda-feira em frente à instituição num protesto contra a "difamação pública" da escola.

Reagiram às denúncias de outros pais difundidas pelo Jornal de Notícias, dando conta de agressões de professores a alunos daquela escola. A Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) já abriu um inquérito para investigar. “O ambiente descrito é completamente falso”, garante Gonçalo Silva, presidente da associação de estudantes da escola, que promoveu um abaixo-assinado que passa de mão em mão. “Começámos hoje [segunda-feira] e já reunimos mais de 300 assinaturas”, contabiliza aquele aluno do 12.º ano.

O texto diz querer a "reposição do bom nome" do conservatório e afirma que as acusações de violência feitas contra professores "não correspondem de nenhum modo à realidade" que os alunos conhecem. “Contrariamente às acusações feitas, o ambiente diário no Conservatório de Música do Porto é de aceitação, de integração, de tolerância e, acima de tudo, de cumplicidade entre alunos, professores, funcionários e direcção”, lê-se no abaixo-assinado.

Mariana Firmino, 17 anos, na escola há 10, garante nunca ter presenciado qualquer mau trato a um aluno. “Os professores são impecáveis. Sempre dispostos a ajudar”, garante. A estudante diz-se completamente abalada com a notícia do JN e teme ter uma negativa a português por causa dela. “Tudo isto me indignou tanto que nem consegui estudar para o teste”, reagiu. 

Ao fim da tarde os professores estavam reunidos a discutir esta situação e o presidente da associação de estudantes ainda esperava que se juntassem ao protesto. 

Alunos e pais acreditam que a notícia do JN só aconteceu devido às acusações feitas há vários meses nas redes sociais por uma aluna de 14 anos e que levaram a direcção do Conservatório de Música do Porto a aplicar-lhe uma pena de suspensão por cinco dias.

O Ministério da Educação confirmou que as acusações da aluna “foram averiguadas em sede de um processo de inquérito da IGEC e de dois processos disciplinares instruídos pelo conservatório”. Escusando-se a entrar em pormenores, o ministério apenas referiu que “dois destes processos foram arquivados e um concluiu-se com aplicação de uma sanção disciplinar.”

Colegas de turma da aluna queixosa, uma estudante com boas notas que continua na instituição, garantiram ao PÚBLICO que nunca presenciaram qualquer das agressões relatadas pela colega. E contam que o historial de acusações contra professores e colegas já é longo.

António Cunha aproxima-se e faz questão de deixar o seu testemunho. É pai de quatro filhos e todos passaram pelo CMP, uns no regime integrado e outros no supletivo (estudam noutras escolas e têm a componente musical no conservatório). Diz-se abismado com o que se está a passar, já que todos os filhos gostam ou gostaram muito da escola. Acredita que a aluna que está no centro desta polémica está a ser “instrumentalizada pelos pais”. E critica os familiares que elevam o ego dos alunos e os ensinam que estão acima dos menos talentosos.

José António Costa e a mulher vieram manifestar-se em representação da filha. Estudou sete anos no conservatório e está há mais de três anos a fazer a licenciatura de flauta transversal em Amesterdão, na Holanda. “Vai por mim que eu não posso ir”, pediu-lhe a filha, que sempre que vem de férias faz questão de ir ao conservatório procurar uma sala para estudar. Os pais acederam e dizem-se escandalizados “com as mentiras”. 

“Foi aqui que aprendemos a ser músicos, mas mais do que isso: a ser pessoas”, remata Miguel Almeida. Com Clara Viana

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