Em Outubro, carros mal parados travaram a Carris por 86 horas

Vereador da Mobilidade diz que é preciso "aumentar a dissuasão" de más práticas, por isso deu poder à Carris para fiscalizar trânsito e estacionamento.

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Eléctricos são os veículos mais afectados por mau estacionamento Miguel Manso

O vereador da Mobilidade de Lisboa diz que a Carris precisa das competências de fiscalização de trânsito para melhorar a qualidade do serviço. Um dia depois de a câmara municipal ter aprovado alterações aos estatutos da empresa rodoviária, que passa agora a poder controlar o cumprimento do Código da Estrada, Miguel Gaspar diz ao PÚBLICO que o objectivo é “aumentar a dissuasão” das más práticas, como o estacionamento indevido que não deixa passar eléctricos, ou o uso abusivo de faixas bus.

A mudança dos estatutos foi o primeiro passo da estratégia e “compete agora à empresa decidir os meios mais adequados” ao seu cumprimento, afirma Miguel Gaspar. “Isto abre um leque de possibilidades”, realça o eleito, dando um exemplo: “A Carris já teve uns Smart que fiscalizavam os corredores bus”.

Os vereadores da oposição, que votaram em bloco contra esta proposta, mostraram-se preocupados com o que dizem ser uma multiplicação de controlos (a Polícia Municipal e a EMEL já fiscalizam o trânsito) mas também com a forma como a Carris a vai pôr em prática. Passarão a existir equipas de fiscais em carros ou a bordo dos autocarros e eléctricos? Ou optará a empresa por instalar câmaras ou sensores que registem as matrículas dos infractores? A resposta a estas questões deverá chegar num futuro próximo.

O vereador da Mobilidade rejeita a crítica dos vereadores do CDS, PCP e PSD de que a fiscalização devia ser deixada para a polícia e para a EMEL. “Temos de ter uma gestão eficiente dos meios. A EMEL existe para fiscalizar estacionamento, a Polícia Municipal tem muitas outras competências. A Carris fará isto melhor e de forma mais eficiente”, acredita Miguel Gaspar.

Há cerca de um ano, a Carris, a EMEL e a Polícia Municipal passaram a ter equipas mistas que percorrem as ruas da cidade para detectar e resolver maus estacionamentos antes de o serviço de transportes públicos ser afectado. Isto tem tido algum sucesso mas, ainda assim, “em Outubro houve 137 ocorrências que resultaram em 86 horas perdidas”, diz o vereador.

Este é um registo pior do que, por exemplo, o de Janeiro, o último a que o PÚBLICO teve acesso. Nesse mês houve 117 ocorrências que fizeram parar eléctricos e autocarros durante 73 horas. Desde 2001, momento em que se atingiu o pico de horas perdidas (200), as perturbações passaram a oscilar entre as 100 e as 150 e as horas perdidas entre as 90 e 100.

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