May: notícia sobre acordo para manter Reino Unido na união aduaneira após "Brexit" é "especulação"

Sunday Times diz que o acordo foi fechado e mantido em segredo até ser apresentado ao Governo, na terça-feira.

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Theresa May Toby Melville/Reuters

O gabinete da primeira-ministra britânica considerou “especulação” a notícia do Sunday Times que dá conta de um acordo entre Theresa May e Bruxelas para manter o território do Reino Unido numa união aduaneira temporária, ou seja sem fronteira entre as duas partes da Irlanda, após o "Brexit". Foi esta fronteira que fez mergulhar as negociações num impasse.

Segundo o jornal, o acordo foi mantido em segredo e vai ser discutido pelo Governo britânico na terça-feira. 

Questionado, um porta-voz de Theresa May disse: “Isto é tudo especulação. A primeira-ministra deixou claro que estamos a fazer progressos sobre a futura relação, que 95% do acordo de saída está fechado e que as negociações proseguem”.

Faltam cinco meses para o Reino Unido sair da União Europeia; a data é 29 de Março de 2019. Mas as negociações estão num impasse. Na sexta-feira, a Reuters noticiou que a União Europeia sugeriu um acordo de união aduaneira que cubra todo o território do Reino Unido, o que abriria espaço e tempo para Londres estabelecer regras para o comércio mas mantendo a Irlanda do Norte alinhada com a UE — os acordos de paz na Irlanda do Norte aboliram a fronteira entre este território britânico e a Repúblcia da Irlanda.

Segundo disse neste domingo o ministro britânico da Habitação, James Brokenshire, a questão da fronteira da Irlanda ainda está por resolver, sendo necessário finalizar a parte essencial que é encontrar uma fórmula que evite uma fonteira física entre a Irlanda do Norte e um país membro da UE.

“Esse é o centro das nossas atenções”, disse Brokenshire  à BBC.

Segundo o Sunday Times, May espera que na terça-feira sejam feitos progressos na reunião do Governo para, na sexta-feira, ser anunciada uma cimeira extraordinária da União Europeia. 

Diplomatas europeus disseram à Reuters duvidar que seja possível chegar a acordo a tempo de se confirmar a cimeira já agendada para 17 e 18 de Novembro. Mas sublinharam que pode ser atrasada apenas uma semana. 

O apoio do seu gabinete ao acordo de saída é crucial para Theresa May, que tem o Partido Conservador profundamente dividido sobre o “Brexit”. Mas igualmente crucial é o apoio do Partido Democrático Unionista (DUP), que garante a maioria a May no Parlamento de Londres. O DUP, que é contra a reunificação da Irlanda, não aceita que o Norte britânico tenha regras diferentes do resto do Reino Unido depois do "Brexit".

Se não conseguir consenso sobre o acordo de saída, May arrisca o chamado “hard Brexit”, a saída sem acordo para o comércio, a imigração e muitas outras matérias.

Neste fim-de-semana, e através de uma carta pública, 70 empresários pediram ao Governo para realizar uma segunda votação sobre o “Brexit”, desta vez aos termos do acordo de saída. A saída do Reino Unido da União Europeia foi ditada por um referendo realizado em 2016.

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