Paulo Guedes, o guru da Economia de Bolsonaro, começa a mostrar as suas políticas

A prioridade é a reforma da Segurança Social. Não descarta vender reservas de moeda estrangeira para pagar dívida se houver uma grande queda do real em relação ao dólar.

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Paulo Guedes ficará à frente de um superministério MARCELO SAYAO/EPA

Paulo Guedes, que assumirá o Ministério das Finanças e da Economia no Governo de Jair Bolsonaro, contradisse as declarações de Onyx Lorenzoni, o deputado que deverá ser o ministro da Casa Civil do novo Presidente do Brasil, sobre a reforma da Segurança Social, um tema herdado da presidência Michel Temer. Enquanto Lorenzoni tinha dito que “não haveria pressa”, Guedes, ao entrar ontem para a primeira reunião para discutir a formação do próximo governo, frisou a urgência do tema. “É um político falando de economia, é a mesma coisa de eu sair falando de política, não vai dar certo”, declarou.

“Temos que controlar os gastos públicos, e o déficite está galopante... eu digo: aprovem a reforma da Previdência“, afirmou. É de esperar que haja confrontos entre estes dois membros do círculo restrito de Bolsonaro — não é a primeira vez que surgem sinais de contradições.

Paulo Guedes desmentiu que esteja a planear usar as reservas de moeda estrangeira do Brasil para pagar dívida se o real cair em relação ao dólar. Isso só se verificará se houver uma queda muito significativa, esclareceu. “Se o dólar vier para 4,50 ou cinco reais, vamos vender 100 mil milhões de dólares”, afirmou, citado pela Reuters. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, o valor actual das reservas é de 381,7 milhões de dólares.

As declarações que Paulo Guedes fez a uma jornalista argentina sobre o bloco comercial da América do Sul Mercosul — afirmando que não seria uma prioridade do próximo governo brasileiro, e num tom algo agressivo — foram criticadas pelo primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros de Lula da Silva. “O que o Brasil quer fazer é um ‘Brexit’, só que com o maior saindo”, declarou Celso Amorim, citado pela Folha de São Paulo. “Vai esfacelar o Mercosul. Será um desserviço à paz”, disse o diplomata, lembrando que o Mercosul representa 25% das exportações industriais brasileiras.

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