Dar chutos na bola para poder ver televisão

Com os confortos da tecnologia, as pessoas passam cada vez mais tempos sentadas em hábitos sedentários. A solução não tem de ser eliminar a tecnologia, mas desenvolver novas formas de a usar.

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Há investigadores a criar bicicletas que obrigam as pessoas a pedalar para ver televisão LUSA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Estar sentado a maior parte do dia e evitar actividade física está hoje entre as maiores causas de mortes evitáveis do mundo. Os dados são da Organização Mundial de Saúde que estima que cerca de 3,2 milhões de mortes por ano venham da falta de actividade suficiente.

É fácil culpar a tecnologia. Nos países desenvolvidos, as pessoas optam mais por casas conectadas em que o telemóvel serve para desligar luzes sem ter de chegar ao interruptor, e assistentes digitais que lêem notícias e atendem o telefone. Já se preparam carros com inteligência artificial para transportar humanos sem ser preciso tocar no volante.

Os confortos do mundo moderno não têm de ser o inimigo. Esta semana, a Disney investiu na startup norte-americana UnchartedPower que, entre vários produtos, tem uma bola de futebol que produz energia cinética (associada ao movimento) quando é chutada. Pode ser utilizada para gerar electricidade e pôr vários aparelhos a funcionar. Além de motivar crianças a mexerem-se para ver televisão, pode ser usada em países em desenvolvimento para disponibilizar o acesso à educação via Internet.

Desde 2017, que uma equipa da Universidade de Nottingham, em Inglaterra, também está a desenvolver uma série de aparelhos para pôr crianças a exercitar em troca de acesso à televisão, computador, ou telemóvel. Um dos objectivos, dizem, é fugir de uma realidade distópica como a do filme WALL-E, em que humanos (obesos, vestidos com fatos de bebés, que se deslocam em cadeiras) usam máquinas para fazer tudo, incluindo beber uma gasosa.

Em Portugal, a empresa Waydip instalou uma passadeira na Covilhã em 2013 para aproveitar energia cinética libertada por veículos e pés das pessoas. A empresa londrina Electric Pedals, gera energia eléctrica para telas de cinema ao pôr espectadores em em bicicletas. É preciso, no entanto, uma multidão a pedalar para gerar electricidade ao ritmo a que as pessoas estão hoje habituadas. A equipa de Nottingham, no Reino Unido, lembra, porém, que para construir um futuro melhor por vezes é preciso voltar a olhar para o passado. 

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