Advogado considera "exagerada" a detenção de jurista do Turismo do Porto
Gabriela Escobar é a terceira funcionária a ser ouvida pelo Tribunal de Instrução Criminal. Medidas de coacção só deverão ser conhecidas segunda-feira.
O advogado de Gabriela Escobar, jurista da Associação de Turismo de Porto e Norte de Portugal, Pedro Meira, declarou este domingo que a detenção da sua constituinte, envolvida na Operação Éter, é “absolutamente descabida, despropositada e manifestamente exagerada”.
À entrada para o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto onde estão a ser ouvidos os cinco arguidos envolvidos no âmbito de uma alegada viciação de contratos públicos com o Turismo do Porto, o advogado disse que a sua cliente está disponível para prestar todos os esclarecimentos que o Ministério Público e o juiz de instrução entendam necessários", fazendo-o de “uma forma muito tranquila, com muita serenidade, com a serenidade de quem nada tem nada a esconder ou a ocultar e de quem em algum momento lesou o interesse público”.
Gabriela Escobar, responsável pelo núcleo de gestão de recursos financeiros da Associação de Turismo de Porto e Norte de Portugal, é a terceira a ser interrogada pelo TIC. Melchior Moreira, presidente daquele organismo há uma década, foi o primeiro a prestar declarações. Melchior Moreiral foi detido esta quinta-feira pela Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção, o mesmo tendo sucedido com outros dois dirigentes desta entidade e com outros tantos empresários.
Isabel Castro, directora do departamento operacional da instituição e com quem Melchior Moreira tinha uma relação próxima, foi a segunda pessoa a ser ouvida.
Associados a este processo estão ainda dois empresários: Manuela Couto, mulher de Joaquim Couto, que preside à comissão política distrital do PS-Porto e à Câmara de Santo Tirso, dona da Mediana, empresa de comunicação, entretanto, extinta, e José Simões Agostinho, empresário de Viseu, ligado à empresa Tomi World. Estes dois arguidos serão interrogados ou ainda este domingo ou durante o dia de segunda-feira.
De acordo com uma nota informativa da Judiciária, além de corrupção investigam-se neste inquérito os crimes de tráfico de influências e participação económico em negócio. Em causa está “a presumível prática reiterada e continuada da viciação de procedimentos de contratação pública, cujos valores ascendem a vários milhões de euros”.
Os investigadores falam na “existência de um esquema generalizado, mediante a actuação concertada de quadros dirigentes, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste directo” destinado a “favorecer grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”.
Na operação policial da passada quinta-feira realizaram-se onze buscas, domiciliárias e não domiciliárias no Porto, Gaia, Matosinhos, Lamego, Viseu e Viana do Castelo que envolveram meia centena de elementos da PJ.
Tanto Melchior Moreira como quatro funcionários do Turismo do Porto já são arguidos neste processo desde Junho passado, altura em que foram realizadas buscas não só nas instalações deste organismo como também na SAD do Sporting Clube de Braga e do Vitória Sport Clube de Guimarães e na Câmara Municipal de Viseu.
As medidas de coacção aos cinco arguidos só deverão ser conhecidas durante o dia de segunda-feira.