Palavras, expressões e algumas irritações: dragar

“Dragar” é o mesmo que “rocegar”, que significa “arrastar um cabo no fundo do mar ou a certa profundidade para localizar âncoras, minas ou outros objectos perdidos”. Pena que não localize bom senso.

“Dragar” significa “limpar ou desobstruir com draga”. Por sua vez, “draga” corresponde a “aparelho que serve para escavar e remover areia, lodo, entulho, etc. do fundo dos rios, dos lagos, de canais ou do mar”.

É o que está previsto acontecer no estuário do Sado. Pretende-se remover 6,5 milhões de metros cúbicos de areia do fundo do rio para que navios de grande porte possam entrar no porto de Setúbal. Ambientalistas e cidadãos manifestaram-se no fim-de-semana passado contra esta decisão da Administração do Porto de Setúbal e Sesimbra.

A “dragagem” põe em causa o equilíbrio de todo o ecossistema. Teme-se a erosão das praias da Arrábida, os efeitos na qualidade da água e nas pradarias marinhas (“berçário” de muitas espécies), assim como a perturbação da comunidade de golfinhos. Também as actividades económicas que dependem do rio se sentem ameaçadas: pesca artesanal, produção de ostras, turismo.

Depois de o Clube da Arrábida ter apresentado uma providência cautelar ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada para travar as dragagens (a 14 de Setembro), a SOS Sado anunciou na quarta-feira procedimento idêntico. Antes, já tinha dado conta de que a petição “Pela defesa da Reserva Natural do Estuário do Sado” atingira as 10 mil assinaturas e seria enviada para a Assembleia da República.

A “retirada de areia” é apoiada pelo Governo, tendo o primeiro-ministro invocado o parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente. “Temos de respeitar este parecer. Se o parecer fosse negativo, por certo que o senhor deputado não gostaria que o Governo se substituísse à Agência Portuguesa do Ambiente”, disse a André Silva, do PAN.

“Dragar” é o mesmo que “rocegar”, que significa “arrastar um cabo no fundo do mar ou a certa profundidade para localizar âncoras, minas ou outros objectos perdidos”. Pena que não localize bom senso.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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