A confiança dos consumidores está a diminuir há quatro meses

Perspectivas sobre desemprego no país influenciam descida. Indicador de “clima económico” também recuou em Setembro.

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A taxa de poupança das famílias continua a recuar PÚBLICO

O índice de confiança dos consumidores portugueses, um indicador do Instituto Nacional de Estatística (INE) que procura medir as expectativas dos cidadãos para os próximos 12 meses desde a situação financeira à situação económica geral do país, está a diminuir desde Junho.

O indicador atingiu em Maio um valor máximo dos últimos 21 anos, mas nos inquéritos de Junho, Julho, Agosto e Setembro as respostas dos cidadãos foram menos positivas: estão agora mais próximas, em média, do ponto em que estavam na Primavera do ano passado, com a diferença de que na altura a curva era tendencialmente ascendente.

Os dados revelados nesta quinta-feira pelo INE mostram que em Setembro houve um “contributo negativo” relacionado com as “perspectivas relativas à evolução do desemprego e à evolução da situação financeira do agregado familiar”. Isto acontece numa altura em que o nível de desemprego está no valor mais baixo desde Setembro de 2002: voltou a baixar em Junho, estimando-se que haja 6,8% de desemprego entre a população activa.

Mas se essa é a expectativa para os próximos 12 meses em relação ao próprio orçamento familiar, o mesmo já não acontece relativamente à evolução da situação económica do país e até à própria capacidade de poupança. Tanto num caso como noutro as expectativas são ascendentes (refere o INE que ambos “registaram contributos positivos”).

O indicador de confiança dos consumidores, calculado com base em médias móveis de três meses, é construído pelo INE a partir das respostas a quatro questões. É perguntado aos inquiridos como pensam que irá evoluir a situação financeira do lar (“melhorar muito”, “melhorar um pouco”, “manter-se”, “piorar um pouco”, “piorar muito” ou “não sabe”) e sobre a situação económica geral, o desemprego no país e ainda sobre “se pensa que, pessoalmente, lhe será possível poupar/pôr algum dinheiro de lado”.

Estes são indicadores qualitativos sobre a percepção dos consumidores. As contas nacionais mais recentes são as do segundo trimestre (Abril a Junho) e essas mostram que a poupança das famílias continuou a diminuir nesses meses: o consumo cresceu mais do que o rendimento disponível das famílias, o que fez cair de novo a percentagem do dinheiro encaminhado para a poupança.

Comércio foge à tendência

Quanto às expectavas dos empresários, o indicador de clima económico também teve uma descida em Setembro. Antes, tinha atingido em Julho o valor mais alto em 16 anos (desde Maio de 2002) e em Agosto ficou estável.

Os indicadores de confiança diminuíram na indústria, nos serviços e no sector da construção e obras públicas. Só o comércio escapou.

No caso da indústria, o que se passou em Setembro relaciona-se com a evolução das perspectivas de produção, dos stocks dos produtos e sobre a procura em geral. “As opiniões relativas à procura interna, considerando as empresas com produção orientada para o mercado interno, agravaram-se no mês de referência [Setembro], dando continuidade à trajectória descendente iniciada em Março”. E também nas empresas mais voltadas para as exportações há uma diminuição do índice que mede as apreciações relativas à procura externa (o valor tinha subido em Agosto, mas agora caiu).

Do lado do comércio a tendência é distinta. O indicador tinha recuado em Junho e Agosto, e neste momento há uma evolução positiva, graças ao “contributo positivo das perspectivas de actividade e das apreciações relativas ao volume de stocks”.

Nos serviços, onde a confiança dos empresários baixou em Setembro, essa avaliação deve-se às perspectivas sobre a evolução da carteira de encomendas e a actividade das empresas, ainda que as perspectivas sobre a evolução da procura tenham “contribuído positivamente”.

O resultado de Setembro tem em conta as médias móveis de três meses. Não considerando dessa forma, refere o INE, o indicador de confiança nos serviços “aumentou no último mês, verificando-se uma evolução positiva em todas as componentes, destacando-se as apreciações sobre a actividade da empresa e sobre a evolução da carteira de encomendas”.

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