Taxa de poupança mantém tendência descendente

Consumo da famílias cresce mais do que o rendimento disponível, mas equilíbrio da economia face ao exterior não foi colocado em causa.

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Nuno Ferreira Santos

A percentagem do rendimento das famílias que é encaminhada para a poupança manteve, no segundo trimestre deste ano, a tendência descendente que se tem vindo a registar, quase sem interrupções, nos últimos cinco anos.

De acordo com os dados publicados pelo INE, observando os resultados últimos doze meses, ao mesmo tempo que o rendimento disponível das famílias aumentou 0,7%, o nível de consumo cresceu 0,9%. Isto implica necessariamente que a taxa de poupança diminua, tendo caído no segundo trimestre para 4,4%, quando no trimestre anteriores estava nos 4,6%.

Este indicador chegou a estar, no início da crise, acima dos 9%, culminando um período em que o nível de confiança dos consumidores estava em mínimos históricos, o que levava a que as famílias portuguesas, numa conjuntura de forte quebra de rendimentos, limitasse, em média, ainda mais os seus consumos, tendo-se assistido por exemplo, a quedas muito fortes das compras de bens duradouros, como automóveis.

A partir de meados de 2013, o cenário foi progressivamente alterando-se, acompanhando em larga medida a evolução dos indicadores de confiança dos consumidores.

A redução da taxa de poupança das famílias é um dos factores a influenciar a capacidade de financiamento da economia portuguesa face ao exterior. Também aqui, no segundo trimestre, as contas tornaram-se menos positivas. Nos últimos doze meses, acabados em Junho de 2018, o saldo da economia com o exterior cifrou-se em 0,7% do PIB, quando três meses antes o mesmo indicador estava em 1,1%.

Ainda assim, Portugal continua a não regressar aos défices externos, o que parece apontar para a sustentabilidade da actual fase positiva de crescimento da economia. Em diversas ocasiões no passado, a economia portuguesa acelerou graças a fortes contributos do consumo e investimento, que colocavam as importações a crescer mais do que as exportações. Desta vez, contudo, para já, a aceleração do consumo está a ser feita de forma mais moderada e as exportações estão a conseguir acompanhar o ritmo de crescimento das importações.

A redução das necessidades de financiamento das Administrações Públicas também está, desta vez, a contribuir de forma mais acentuada para a manutenção de uma situação de equilíbrio externo no país.

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