Steve Bannon vai abrir uma universidade populista perto de Roma

Um mosteiro a 130 quilómetros de Roma será lugar para a nova universidade populista idealizada por Steve Bannon e que será também o quartel-general para o apoio ideológico aos partidos anti-establishment europeus.

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Reuters/NATHAN LAYNE

Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump e principal estratega da campanha do agora Presidente dos Estados Unidos, continua a dar passos para a formação do seu movimento populista que pretende coordenar e apoiar os partidos anti-establishment em ascensão na Europa. E o próximo será a formação de uma universidade populista, que terá sede em Itália, país escolhido por Bannon como epicentro da sua ofensiva política.

A Certosa di Trisulti é o local escolhido para esta universidade. Este mosteiro, datado de 1211, está localizado em Collepardo, na província de Frosinone, nos montes Ernici, a 130 quilómetros de Roma. A universidade será financiada através de doações privadas. O edifício necessita ainda de reformas, pois o monumento há muito que não é utilizado, pelo que a nova instituição arrancará no próximo ano.

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A Certosa di Trisulti DR

O El País visitou o local e falou com Benjamin Harnwell, braço direito de Bannon em Itália e membro do círculo conservador do Vaticano que se opõe ao Papa Francisco. “Faremos retiros, cursos de formação, cursos educativos com professores de elevada reputação”, explica ao jornal espanhol, acrescentando que as principais decisões sobre a organização da universidade – tais como a escolha dos professores ou matérias – ficarão a cabo de Bannon.

Mas vai ser mais do que isso. Servirá como quartel-general para a avançada populista pela Europa, fornecendo todo o apoio ideológico, mas também religioso, nesta estratégia que pretende espalhar pelo continente o método que levou Donald Trump à Casa Branca.

Nos últimos tempos, Bannon, que foi despedido da Casa Branca em Agosto do ano passado, foi levantando o véu sobre esta estratégia. Em Julho anunciou a criação de uma fundação – chamada O Movimento – com sede em Bruxelas, para financiar e prestar apoio a partidos populistas, tendo, para já, as eleições europeias de 2019 na mira. O antigo estratega de Trump explicou também que esta fundação é uma resposta a George Soros, o liberal multimilionário norte-americano de origem húngara, e à sua Open Society.

No início de Setembro, Bannon contou com um novo membro de peso para o seu O Movimento. Matteo Salvini, ministro do Interior italiano (mas o verdadeiro homem forte do Governo de Roma) e líder do partido de extrema-direita Liga, juntou-se à fundação.

Salvini é visto por Bannon como um modelo a seguir e o exemplo daquilo que o antigo director do site de notícias conservador Breitbart quer para todo o continente europeu. Alguém que desafiou o establishment, tendo por base uma política anti-imigração e ultraconservadora, e que foi capaz de formar Governo numa das principais economias europeias juntamente com o Movimento 5 Estrelas, partido radical. “A Itália é o coração pulsante da política moderna. Se funcionou lá, pode funcionar em qualquer lado”, afirmava Bannon em entrevista ao site norte-americano The Daily Beast, em Julho.

É por isso que, desde as eleições de Março que deram a vitória à Liga e ao 5 Estrelas, Bannon tem passado grande parte do seu tempo em Itália e tornou este país como sede a partir da qual lançará a sua ofensiva populista – foi em Roma que, por exemplo, abriu uma das primeiras redacções internacionais do Breitbart, quando ainda o dirigia. Além disso já revelou que passará 80% ou 90% do seu tempo em solo europeu a partir de agora.

Outro dos actores políticos contactado por Bannon e que se aproximou ao seu movimento é Giorgia Meloni, líder do partido conservador e eurocéptico Irmãos de Itália.

Para este fim-de-semana está marcado um encontro do O Movimento que contará com a presença de Salvini e, espera-se, de Meloni. Segundo o El País, a conferência terá a duração de três dias, tem como título “Europa Contra Europa” e vai ter lugar na Ilha Tiberina, no coração de Roma.

Bannon vai responder a perguntas de um jornalista italiano num segmento chamado “A culpa é toda dos populismos”. “Salvini é um génio, tem uma intuição fora do comum. E Steve [Bannon] é um visionário, vê as coisas mais depressa do que toda a gente”, diz Harnwell ao jornal espanhol. “[Bannon] fez Trump ganhar sem nunca ter dirigido um campanha na sua vida. Por isso, tem uma opinião que conta”.

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