Zuckerberg diz que Facebook está preparado para as eleições de 2018

A promessa surge semanas depois de o antigo chefe de segurança do Facebook dizer que era tarde de mais para a rede social não atrapalhar as eleições.

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Zuckerberg descreveu o último ano como "intenso" Stephen Lam/Reuters

Mark Zuckerberg quer mostrar que o Facebook pode ser amigo da democracia. A dois meses das eleições intercalares nos EUA, o presidente executivo da rede social publicou um longo texto onde descreve os últimos anos como “intensos”, mas garante que, este ano, o site está preparado para proteger as eleições e "dar voz" a todos os utilizadores.

O plano passa por identificar contas falsas da plataforma, eliminá-las, e remover “informação viral” (publicações muito populares que são partilhadas milhares de vezes) quando esta possa causar danos a uma pessoa ou comunidade. Para tal, a equipa da rede social a trabalhar na área da segurança aumentou 100% no último ano, de dez mil trabalhadores para 20 mil trabalhadores.

O anúncio de Zuckerberg surge um dia depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, avisar que a “proliferação de serviços digitais e comunicações através da Internet criou vulnerabilidades significativas e magnificou o alvo e intensidade da interferência estrangeira”. 

Há poucas semanas, o antigo chefe de segurança do Facebook, Alex Stamos, tinha alertado que era "tarde de mais para proteger as eleições norte-americanas”, num texto de opinião para o site Lawfare.

Zuckerberg discorda. “Um dos nossos princípios de base é garantir que damos uma voz às pessoas. É por isso que todos podem publicar no Facebook sem pedir autorização”, escreve o executivo, que nota que quando se fala em liberdade de expressão "pessoas inteligentes podem chegar a diferentes conclusões sobre o que é o equilíbrio certo.”

O executivo, que este ano teve de prestar depoimentos no Parlamento Europeu, ao Senado e à Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, não ignora as falhas da rede social. Em 2017, o site descobriu que houve uma operação com origem russa em que foram gastos cerca de 100 mil dólares (84 mil euros) em milhares de anúncios que divulgavam informação falsa sobre temas como a imigração ou os direitos humanos através de "contas inautênticas" entre 2015 e 2017. Cerca de 126 milhões de americanos terão visto essas publicações. Depois, em 2018, veio o escândalo com a Cambridge Analytica, e provas de que ataques a minorias na Birmânia resultaram de desinformação difundida no site. Porém, para Zuckerberg, cada falha permitiu ao Facebook aprender.

“Em 2016, nós não estávamos preparados para os ataques coordenados de informação que hoje enfrentamos”, escreve. “Desde de então, aprendemos muito e desenvolvemos sistemas mais sofisticados que combinam tecnologia com pessoas para prevenir a fraude eleitoral nos nossos serviços.”

Zuckerberg reforça que, por exemplo, informação sobre anúncios nos EUA é muito mais transparente em 2018. Pessoas ou organizações a pagar para anúncios políticos serão obrigados a passar por uma verificação de identidade e localização. Além disso, a rede social também estabeleceu uma comissão de investigadores independentes para tentar compreender a influência do Facebook nas opiniões políticas dos utilizadores.

Em nenhum ponto do texto Zuckerberg pede desculpas pelas falhas do site (é algo que já fez várias vezes desde o escândalo com a Cambridge Analytica). Para o criador do Facebook, o único foco que pode existir é “continuar a melhorar, manter-se à frente dos adversários e proteger a democracia”.

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