Meteorologistas avisam que El Niño deverá regressar até ao final do ano

O fenómeno é cíclico, mas o seu regresso antecipado poderá ser um reflexo das alterações climáticas, admite a Organização Meteorológica Mundial.

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Em 2015, o El Niño provocou inundações nos EUA Reuters/JASON REDMOND

Cheias e tempestades em alguns pontos do globo, tempo extraordinariamente seco noutros cantos do planeta. O fenómeno climático El  Niño deverá estar de volta até ao final do ano. O aviso é feito pela Organização Meteorológica Mundial, que aponta uma probabilidade de 70% de que o fenómeno regresse a partir de Outubro, ainda que com menos intensidade do El  Niño de 2015/2016.

O El  Niño é um fenómeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, com correntes quentes que atingem a costa sul-americana (sobretudo no Equador, Peru e Norte do Chile), gerando um efeito em cadeia que influencia o estado do tempo em vários pontos do mundo. É causado por uma mudança da direcção dos ventos dominantes que sopram sobre o Pacífico, aquecendo as águas daquele oceano a Leste e arrefecendo-as a Oeste. A subida da temperatura traduz-se numa alteração no nível médio do mar: águas mais quentes têm tendência a dilatar, aumentando a altura do nível do mar. Consequentemente, a humidade na atmosfera aumenta, o que por sua vez aumenta as correntes de jacto e influencia o trajecto das tempestades em todo o globo.

De acordo com os dados recolhidos pela Organização Meteorológica Mundial, as análises mais recentes mostraram um aumento anormal da temperatura da superfície da água na região da Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte, África e ao longo da costa da América do Sul. Sinais que levam a Organização Meteorológica Mundial a acreditar que entre Outubro e Dezembro deste ano existe uma probabilidade de 70% de o El Niño regressar. A probabilidade aumenta ainda mais em 2019.

“A Organização Meteorológica Mundial acredita que o El Niño não irá ser tão intenso como o de 2015/2016, mas ainda assim irá provocar um impacto considerável”, declarou o secretário-geral da organização, Petteri Taalas, cita a BBC.

Fenómenos climáticos como o El Niño ocorrem em intervalos de cinco a sete anos. No entanto, a probabilidade de o El  Niño  regressar com um intervalo tão curto em relação ao último evento sugere que se trata de um impacto das alterações climáticas, considera a organização.

“As alterações climáticas estão a alterar as dinâmicas tradicionais do El Niño e da La Niña, bem como os seus impactos”, acrescentou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial.

Já em 2005, uma equipa de investigadores avisava que o fenómeno climático se podia tornar permanente caso o aquecimento global não fosse travado.

Este ano já começou com um La Niña, um fenómeno que, ao contrário do El Niño, é caracterizado por temperaturas oceânicas invulgarmente baixas no Oceano Pacífico equatorial.

Há três anos, em 2015, a intensidade do El Niño provocou danos graves nas colheitas agrícolas, causou incêndios florestais e inundações. O impacto fez com que 2016 se tornasse o ano mais quente de que há registo a nível global, com as temperaturas terrestres e do mar a atingir novos máximos, concluiu o Relatório Anual do Estado do Clima. O aquecimento do planeta levou ao derretimento de gelo, quer no Ártico como na Antártica, fazendo o nível médio global do mar alcançar também um novo recorde: cerca de 82 milímetros acima da média de 1993. 

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