Incêndio de Monchique dominado. Foi o maior do ano na Europa

Uma semana depois, a Protecção Civil dá o fogo de Monchique como controlado. De manhã ainda estavam no terreno mais de 1300 homens.

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Monchique rodeada de floresta ardida EPA/LUIS FORRA
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Portugal estava a ter uma época de incêndios mais pacífica, registando 26 incêndios considerados de maior dimensão, mas alguns não ultrapassando a centena de hectares. Até ao incêndio de Monchique, Portugal registava uma área ardida reduzida de 1327 hectares, colocando o país na cauda da Europa neste ranking. Monchique alterou tudo e já é o maior incêndio do ano dos países europeus, sem registo de vítimas mortais. Ao fim de uma semana, o fogo é finalmente dado como globalmente dominado pela Protecção Civil, pelas 8h30.

O número reduzido de grandes incêndios este ano foi explicado pelas autoridades pela redução substancial de ignições diárias. Esta foi uma das indicações dadas pelo primeiro-ministro, que articulou com o Presidente da República, de acordo com o Expresso, a sua ida a Monchique, esta sexta-feira à tarde. Os dois decidiram só visitar o concelho algarvio depois de o incêndio estar completamente controlado. E irão fazê-lo em separado, primeiro António Costa e depois Marcelo Rebelo de Sousa. Ainda não há data para a vista do Presidente. Esta tarde também a bloquista Marisa Matias fará uma visita à serra algarvia.

Foi esta sexta-feira de manhã que a segunda comandante nacional, Patrícia Gaspar, deu a informação de que o incêndio está dominado mas que, apesar disso, é preciso manter a vigilância: "Apesar de termos o incêndio dominado, não é altura de cruzarmos os braços. Temos uma vasta área afectada", disse, informando que o avião de reconhecimento vai esta manhã fazer um novo voo para verificar se há reacendimentos. 

O trabalho ainda não foi dado por concluído, e demorará ainda alguns dias. "Temos de fazer consolidação" e responder "às reactivações que possam surgir" para que não se estrague o trabalho feito. A esta hora, a principal preocupação é na área que vai entre São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra, onde se concentram ainda a maior parte dos meios, que apenas desmobilizarão quando for feita a avaliação que o incêndio está completamente resolvido.

"O grosso do dispositivo vai manter-se no terreno", disse Patrícia Gaspar, informando que à medida que a Protecção Civil for fazendo a avaliação, vão começar por desmobilizar os meios de mais longe, para que não coloquem em causa a resposta operacional nessas zonas, sobretudo do Norte do país.

A segunda comandante explicou ainda que o fogo é dado como controlado uma vez que não se perspectiva que saia do perímetro que já afectou. Alertou, no entanto para a possibilidade de reacendimentos. 

O balanço desta sexta de manhã aumentaram de 39 para 41 feridos, um deles grave e só estarão nesta altura 49 pessoas deslocadas.

Foi preciso uma semana para que o fogo quebrasse e os números ajudam a explicar a dificuldade no combate. Esta sexta-feira de manhã estavam ainda mobilizados no terreno 1356 operacionais, apoiados com 438 viaturas e dois meios aéreos, segundo dados da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

Monchique, apesar de ser o maior do ano com cerca de 27 mil hectares ardidos, de acordo com os dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS), fica, em área ardida, bastante longe dos números registados em 2017, com os incêndios de Pedrógão Grande e de 15 de Outubro. No topo dessa lista de 2017 aparece o que teve origem a 15 de Outubro, em Seia/Sandomil, no distrito da Guarda, que destruiu 43.191 hectares.

De acordo com os dados do EFFIS, Monchique faz disparar o total de área ardida em Portugal para o topo do ranking europeu, ultrapassando países como o Reino Unido (17.682 ha), Suécia (21.448ha) ou a Grécia (9681), que se debateram com incêndios graves e alguns com vítimas mortais. Fica mesmo assim longe da média do país nos últimos dez anos. Por agora, Portugal tem 28.529 hectares ardidos, longe dos 47.393 que se verificaram em média de 2008 a 2017 por esta altura.

As chamas deste incêndio, que deflagrou na localidade de Perna Negra, provocaram 39 feridos, um deles em estado grave e obrigaram a evacuar diversos aglomerados populacionais e uma unidade hoteleira.

Em 2017, as chamas destruíram mais de 440 mil hectares, o pior ano de sempre em Portugal, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

*Actualizado às 12h50 com data da visita de António Costa.

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