Cientistas japoneses “reprogramam” células estaminais para tratar Parkinson

Primeiro ensaio clínico a nível mundial em doentes de Parkinson usando células estaminais pluripotentes induzidas começa em Agosto.

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O investigador japonês Jun Takahash numa conferência de imprensa esta segunda-feira Kyodo/Reuters

Uma equipa de cientistas japoneses anunciou esta segunda-feira que vai começar ensaios clínicos no próximo mês para tratar a doença de Parkinson, transplantando células estaminais que foram “reprogramadas” para o cérebro dos pacientes, à procura de um avanço no tratamento deste problema neurodegenerativo.

A doença de Parkinson é provocada pela falta de dopamina produzida pelos neurónios. Há muito que os cientistas esperam conseguir usar células estaminais para restaurar a produção normal deste neurotransmissor químico.

Estes ensaios clínicos surgem depois de uma equipa de investigadores na Universidade de Quioto (Japão) ter usado com sucesso, no ano passado, células estaminais pluripotentes induzidas humanas para restaurar o funcionamento de células cerebrais em macacos.

As células estaminais pluripotentes induzidas são criadas através da remoção de células maduras de um indivíduo – geralmente, da pele ou do sangue – e que depois são reprogramadas para se comportarem como células estaminais embrionárias. Nos embriões, as células estaminais embrionárias têm a capacidade para se tornarem qualquer célula do organismo. No caso das células estaminais pluripotentes induzidas (iPS, na sigla em inglês), podem depois ser “persuadidas” a tornarem-se neurónios produtores de dopamina.

“Este será o primeiro ensaio clínico a nível mundial usando células estaminais pluripotentes induzidas para a doença de Parkinson”, disse em conferência de imprensa Jun Takahash, do Centro para Investigação e Aplicação de Células iPS da Universidade de Quioto.

Este centro japonês é dirigido por Shinya Yamanaka, que em 2012 partilhou o Prémio Nobel da Medicina com o britânico John Gurdon, pela descoberta de que as células adultas (já especializadas) podem ser transformadas de novo em células parecidas com as dos embriões. “Pretendemos levar a cabo a nossa investigação de forma cuidadosa mas rápida, em coordenação com o Hospital da Universidade de Quioto, para que o novo tratamento usando células estaminais pluripotentes induzidas chegue aos doentes o mais cedo possível”, disse Shinya Yamanaka, numa declaração.

Como os ensaios clínicos usam células estaminais pluripotentes induzidas, em vez de células embrionárias humanas, significa que o tratamento poderá ser aceite em países como a Irlanda e em grande parte da América latina, onde o uso de células embrionárias humanas está proibido.

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