Um Porto Colheita na festa de Harry e Meghan

O vinho do Porto continua presente nos rituais da família real. No casamento de Harry e Meghan vai ser servido um Colheita de 1982 – a idade aproximada dos nubentes.

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Caves de vinho do Porto da Grahams, propriedade da empresa Symington Adriano Miranda

Na monarquia britânica há hábitos que não se alteram há séculos e comemorar as grandes cerimónias do Estado ou da família real com vinho do Porto é um deles.

A boda do casamento do Príncipe Harry com Meghan Markle não será diferente e à mesa vai estar um Porto Graham’s Colheita 1982. Desta vez não consta que a tradição possa ferir susceptibilidades, como acontece quando os chefes de Estado da França (aconteceu recentemente com Nicolas Sarkozy) visitam o Palácio de Buckingham e têm de fazer brindes com Porto em detrimento de um “claret” de Bordéus ou do champagne que os ingleses consomem com devoção.

Numa acção que combina rituais antigos com interesses de marketing, o Colheita da Graham’s que será servido na cerimónia não passará para a maioria dos presentes como a prova de que, para a realeza, o vinho do Porto conserva o estatuto do “the englishmen’s wine” celebrado pelo menos desde o século XIX.

A escolha deste Colheita de 1982 feita pela família Symington, de raiz britânica mas já muito aportuguesada por viver cá desde 1882, tem um fundamento: é um vinho com a idade aproximada dos nubentes, que nasceram no princípio dessa década. Mas para a opção conta o facto de, entre os milhões de litros guardados nas caves das empresas da família, o Colheita de 1982 ser considerado especialmente notável. “Trata-se de um vinho excepcional, envelhecido durante mais de três décadas em cascos de carvalho” ou, por outras palavras, “um dos mais raros tesouros nas caves da Graham’s”, nota a empresa em comunicado.

A decisão de lançar um vinho especial para registar momentos importantes na vida da casa real britânica não é nova para os Symington. Quando se celebrou o Jubileu da rainha Isabel, em 2012, a família lançou um Graham’s Porto Colheita de 1952, o ano em que a monarca subiu ao trono. Quando Isabel fez 90 anos, os Symington lançaram um vinho do Porto com três lotes de colheitas diferentes cuja idade média rondava exactamente os 90 anos.

Com esses gestos, os Symington ganharam a simpatia da realeza e em 2017 receberam como prenda um Royal Warrant, uma “carta exclusiva de fornecedor oficial da Casa Real”.

Os mais interessados em conhecer o vinho do Porto que consta na cerimónia do casamento têm possibilidade de o experimentar. Para Portugal foram reservadas pequenas quantidades que ficarão disponíveis nas garrafeiras. Uma garrafa normal (0.75 litros) custará cerca de 120 euros. Se for só mesmo para provar, há uma alternativa: minigarrafas de 20 centilitros que se podem comprar por 35 euros. Da receita obtida, os Symington vão doar cinco mil euros à Instituição de Solidariedade Social Bagos D’Ouro.

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