Barnier aumenta a pressão sobre Londres: "No deal não é opção"

Está difícil desfazer o impasse em que caíram as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia. Bruxelas exige "clarificação" e insiste que o tempo urge.

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Ekaterina Zaharieva e Michel Barnier fizeram soar o alarme quanto ao atraso das negociações do "Brexit" Reuters/FRANCOIS LENOIR

O negociador da União Europeia para o “Brexit”, Michel Barnier, voltou a soar o alarme sobre o impasse em que se encontram as negociações de divórcio com o Reino Unido, avisando Londres que a cimeira de fim de Junho “não deve ser subestimada” e lembrando que se até lá não estiverem fechados os termos do acordo de saída, será praticamente impossível evitar a chamada queda no precipício quando o país sair do bloco. “É por isso que digo que ‘no deal’ não é opção”, insistiu.

O diplomata francês reuniu esta segunda-feira em Bruxelas com os representantes dos 27 Estados-membros para lhes dar conta dos progressos das negociações com o Reino Unido, que continuam bloqueadas e sem solução à vista para a questão da fronteira da Irlanda do Norte. “Diria que foi pouco, mas não muito pouco”, respondeu Barnier, quando o jornalista da BBC, Adam Fleming, lhe perguntou sobre o avanço dos trabalhos. “Estamos a tratar de questões técnicas, mas os problemas com a fronteira da Irlanda ou a governação do acordo permanecem”, informou.

Sem nunca se referir às discórdias internas que têm tolhido a acção de Downing Street, a vice primeira-ministra e porta-voz da presidência búlgara do Conselho Europeu, Ekaterina Zaharieva, disse que nesta altura do calendário, já deveria ser “claro” o quadro que vai reger a saída do Reino Unido da UE. “Os cidadãos e os agentes económicos, dos dois lados do canal, precisam de ter garantias que o processo do ‘Brexit’ vai decorrer de forma ordenada”, insistiu.

Mas essa clarificação não existe: o Governo de Theresa May ainda não explicou como pretende assegurar que a fronteira entre as duas Irlandas não será reposta, como ficou definido nos princípios gerais do “Brexit”. Aumentando a pressão sobre Londres, Barnier vincou que “sem uma solução operacional”, o acordo de saída não se sustenta — nem o período de transição pedido por May para poder negociar um acordo comercial com Bruxelas.

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