Sindicato dos Médicos Zona Sul enaltece decisão da Ordem sobre Santa Maria

Em Julho do ano passado, o bastonário tinha concluído que os internos estavam a dar consultas sozinhos no serviço de otorrinolaringologia do hospital. Ordem dos Médicos decidiu, no início desta semana, suspender internato de otorrino.

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Sindicato apresentou denúncia contra o director do serviço de otorrinolaringologia do Hospital Santa Maria ENRIC VIVES-RUBIO

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul enalteceu, nesta sexta-feira, a decisão da Ordem dos Médicos de suspender a idoneidade formativa do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria, sublinhando que se trata de um acto inédito nesta unidade. "Num momento de um exigente rating externo, incluindo internacional, dos serviços universitários, o maior hospital do país passa pelo vexame público de ver suspensa a idoneidade formativa do seu Serviço de Otorrinolaringologia [ORL] por falta de qualidade na assistência e ensino", sublinha o sindicato.

A decisão da Ordem dos Médicos, que impede o Hospital de Santa Maria de formar internos na especialidade de otorrinolaringologia, por não estarem reunidas as condições exigíveis, foi conhecida esta semana. "Na base da retirada da idoneidade está o facto de ter sido provada a existência de aspectos graves que põem em causa quer a qualidade assistencial aos doentes, quer a qualidade da formação dos internos, futuros Especialistas de ORL, por responsabilidade directa deste director nomeado pela administração, não obstante na altura da nomeação ser a pessoa menos qualificada da carreira médica", considera o sindicato.

Em Julho do ano passado, o bastonário da Ordem dos Médicos tinha realizado uma visita ao serviço de otorrinolaringologia do hospital, concluindo que os internos estavam a dar consultas sozinhos, incluindo os que estavam no início do internato. Por proibição da Ordem, "não só não podem entrar novos Internos no Serviço, como não se podem realizar exames de especialidade", recorda a estrutura sindical, em comunicado.

A decisão "revela bem a coragem e determinação do actual Bastonário e do respectivo Colégio da Especialidade em não pactuarem com a ilegalidade e a irresponsabilidade que degradam a qualidade da Medicina no nosso País, e isto contra poderosas pressões políticas", acrescenta. O sindicato considera ainda que não é possível o ministro da Saúde "continuar a ignorar este caso", que classifica como "um problema de saúde pública que urge resolver".

O serviço de otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria tem estado envolvido em polémica desde que, em 2016, foi nomeado Leonel Luís como director de serviço. Em finais do ano passado, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul apresentou uma denúncia no Ministério Público e autoridades de saúde contra o director do serviço de otorrinolaringologia, que acusa de irregularidades e perseguição.

Já este ano, o director do serviço entregou no Ministério Público uma queixa-crime por difamação e denúncia caluniosa contra a direcção do mesmo sindicato e contra cinco colegas otorrinolaringologistas. Na queixa, a que a agência Lusa teve acesso, o director do serviço, Leonel Luís, considera que a direcção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul divulgou vários comunicados que "representam um atentado" ao seu bom nome, à sua honra e à sua imagem e credibilidade. Em causa está o que o médico considera ser uma campanha difamatória do sindicato, que considerou ilícita a sua nomeação e deu a entender que o director do serviço foi nomeado "por ajuste directo", sem ter qualificações suficientes e aludindo a "mecanismos clientelares e comissariado político" nalgumas situações no serviço de otorrino.

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