Centeno vê Grécia "mais próxima de um acordo" para aliviar peso da dívida

O FMI ainda não activou o terceiro resgate aos gregos. Pondera fazê-lo antes de Agosto, mas para isso precisa de consenso entre todos os credores sobre o alívio da dívida grega e o reembolso dos empréstimos.

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Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, em Washington LUSA/SHAWN THEW

As negociações entre a Grécia e os seus credores sobre a forma como o país vai sair do terceiro programa de ajustamento financeiro estão a caminhar para o fim – o programa de resgate no valor de 86 mil milhões de euros termina em Agosto de 2018 e até lá há que arranjar solução para a dívida grega. Essa solução já está à vista, diz Mário Centeno, presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças português. Neste momento, os credores da Grécia estão a trabalhar numa proposta de acordo sobre a dívida que tenha em conta as necessidades financeiras do país depois do fim do financiamento internacional. Esse acordo vai determinar a participação do Fundo Monetário Internacional no actual resgate.

“As posições hoje estão muito mais próximas”, disse Centeno, numa entrevista em Washington, citada pela Bloomberg. “Ainda temos muito caminho pela frente, mas há um sentimento positivo, que eu acho que reflecte uma vontade honesta de fazer parte do programa”, disse o presidente do Eurogrupo.

Apesar de ter participado nos dois primeiros resgates, o Fundo Monetário Internacional (FMI) ficou de fora do terceiro resgate grego. Para o FMI, a participação no actual programa de assistência financeira está dependente do alívio da dívida grega – cabendo aos países da zona euro garantir mais sustentabilidade da dívida. 

Porém, a participação do FMI seria importante para os mercados e para países como a Alemanha, que dão importância ao "selo de confiança" do FMI, salienta Centeno. 

As conversações entre os credores gregos e os países da zona euros decorrem há meses, a um nível técnico. Discute-se em linhas gerais a hipótese de ligar o reembolso da dívida ao crescimento económico. Desta forma, a Grécia poderia pagar mais aos credores se se encontrasse economicamente bem e pelo contrário pagaria menos se não estivesse.

No que diz respeito ao alívio da dívida, as opiniões dividem-se. O FMI pede o alívio da dívida em larga escala, com margem para respirar, nos empréstimos dos países da zona euro. Os países europeus resistem – preferem facilitar os termos dos empréstimos.

Outro ponto de discórdia são as condições do alívio da dívida grega: vai estar ligado a uma disciplina orçamental apertada e reformas económicas? Ou vai, por outro lado, ser concedido sem condições? São estas as questões em discussão entre os credores gregos, à margem das reuniões com o FMI.

Centeno defende que qualquer condição deve nascer dos planos gregos de crescimento: “Todos queremos que as condições da dívida estejam incorporadas na estratégia de crescimento grega”, disse, referindo-se aos planos do país para depois do resgate.

Todos estes pontos devem ser discutidos até ao final de Maio, para que o FMI tenha tempo suficiente para activar o terceiro resgate para a Grécia. Mas para isso, é preciso que todos os credores estejam em consenso. 

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